Cotidiano

Roraima possui a maior taxa de casos de estupros do Brasil

Conforme estatística, Estado tem a maior taxa de estupros do país, com 66,4 casos por grupo de 100 mil pessoas

O crescente número de estupros ou tentativas fez com que, em 2014, o número de registros chegasse a mais de 2.500. Em geral, a violência é praticada contra crianças e adolescentes. Segundo dados do 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, Roraima tem a maior taxa de estupros do país, onde são conferidos 66,4 casos por grupo de 100 mil pessoas. Atualmente, 55 detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) respondem por esse tipo de crime.

O Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas) afirma que os números são assustadores.  Com o aumento no número de casos, o registro de casos subiu a cada ano. Em 2013, o número de estupros superou o de homicídios no país. Roraima já liderava o ranking dos estados com maior número de casos de estupro por grupo de 100 mil habitantes, somando 52,2 ocorrências do crime.

No ano de 2014, a estatística aumentou para 66,4 casos, considerando os mais de 2.500 registros de tentativa e consumação do fato, sendo que os números podem ser piores, pelo fato de que ainda há muita ocultação dentre os integrantes da família.

O cientista político e sociólogo Linoberg Almeida analisou que o tradicionalismo e o perfil machista e violento da sociedade têm uma interferência no quantitativo de crimes, especialmente das ocorrências de estupro. “Não podemos esquecer que a sociedade é pouco educada, não respeita limites. Isso fez com que, no passar dos anos, houvesse conjugação de poderes públicos que fazem entender que violentar e agredir mulheres é contra a lei”, disse.

O sociólogo enxerga os casos de estupro como um problema cultural e que o perfil do estuprador não segue margens de pobreza, cor e condição social. “Nem todas as pessoas têm a mesma concepção de estupro, por isso, quando há uma mobilização social, as pessoas passam a enxergar o que é de fato o crime. Muitas vezes falta esclarecimento. Hoje essa teia formada por órgãos públicos e instituições de combate ao estupro é muito falha. Imagine se funcionasse bem, os dados seriam maiores. Não há perfil fixo de quem comete esse tipo de crime, mas, em geral, são familiares”, declarou.

O Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas) frisou que os números deste ano tendem a superar o quantitativo do ano passado. Segundo Kátia Angélica Silva, coordenadora do Serviço de Enfrentamento à Violência, Abuso, Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes (SEV), de janeiro a dezembro de 2014, foram acompanhadas pelo programa 148 crianças e adolescentes. Até junho deste ano, os números somam 92 casos.

“Nós recebemos os documentos dos órgãos, fazemos o acolhimentos das vítimas que se apresentam com o responsável em parceria com o assistente social e, em seguida, agendamos a consulta com a psicóloga. O acompanhamento é semanal até que a criança ou adolescente receba alta. Também recebemos denúncias espontâneas da população”, explicou Kátia Angélica. (J.B)