O algodão produzido em Roraima é o segundo melhor do mundo, só perdendo para o egípcio. A informação é da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). A qualidade do produto roraimense se sobressai porque aqui, conforme os especialistas, as terras têm nutrientes específicos para este tipo de cultura. As condições climáticas daqui também são favoráveis para o plantio. Na última safra, no ano passado, Roraima produziu mais de 2.700 toneladas de algodão, o que rendeu mais de R$ 12 milhões aos produtores.
O diretor da Cooperativa Grão Norte, Afrânio Weber, informou que o primeiro ensaio de plantação de algodão no Estado foi em 2013. Mas apenas em 2015 ocorreu o plantio com uma lavoura na região do Cauamé, zona rural de Boa Vista, e depois em Alto Alegre, município a 89 quilômetros da Capital pela RR-205, região Centro-Oeste do Estado.
Em 2015, a empresa Ouro Verde Agropecuária foi a primeira a apostar no solo macuxi e plantou 90 hectares. Deu certo. No ano seguinte, ele cultivou 750 hectares, com 240 arrobas cada, o que totalizou uma colheita de 2.700 toneladas. A Ouro Verde, então, vendeu cerca de R$ 10 milhões de algodão em pluma e mais R$ 1,4 milhão de caroço, que serve para produção de ração animal, óleo biodiesel e cosméticos.
Hoje, além da zona rural de Boa Vista e Alto Alegre, o Município do Bonfim, a 120 quilômetros da Capital pela BR-401, região Leste de Roraima, também produz algodão. O mercado regional é disputado por três empresários, que passaram a investir pesado nesta cultura em maio do ano passado, após o Governo Federal liberar a produção de algodão transgênico em Roraima.
Toda a produção local vai para São Paulo e estados do Nordeste, como Paraíba e Pernambuco, onde se concentram as indústrias da tecelagem. “Nossa expectativa é que daqui a três anos Roraima também tenha uma fábrica de tecelagem, mas isso depende da nossa produção, pois teremos que plantar mais de oito mil hectares”, ressaltou o diretor.
As dificuldades maiores hoje na produção são o transporte e a logística, segundo Afrânio Weber. O frete acaba encarecendo o produto, mas o cooperado disse que as vantagens ainda compensam. “O algodão é mais uma alternativa para os produtores daqui. Além da soja, do milho, do arroz e da pecuária de corte, o algodão veio para incrementar agregando valores”, observou.
Afrânio Weber ainda lembrou que investir na plantação desta cultura é vantagem porque as terras têm menos pragas que outras regiões. “É um conjunto de fatores positivos que esta terra oferece. Por isso, a qualidade do algodão roraimense é superior a do restante do país. Nosso algodão só perde para o produzido no Egito, o melhor do mundo”, frisou.
A classificação do produto é feita em laboratório certificado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). A análise instrumental ocorre com a medição de volume das propriedades físicas do algodão, como comprimento, resistência, alongamento, cor e conteúdo de impurezas da fibra. (AJ)
Venda é garantida no mercado, mas produtores têm que investir pesado
Os produtores de algodão têm mercado garantido, mas eles precisam investir alto no começo. Uma colhedeira, por exemplo, custa algo em torno de R$ 3 milhões. Os cuidados com o produto também aumentam as despesas. Só se pode plantar algodão com a terra totalmente corrigida.
“O produtor primeiro pode plantar soja e depois da quarta colheita, já com a terra toda corrigida, aí sim a terra estará apta para o plantio de algodão. Este segmento atrai cada vez mais novos produtores porque agrega valores”, explicou o diretor da Cooperativa Grão Norte, Afrânio Weber.
Mas os desafios são maiores aos produtores de Roraima porque aqui ainda não se tem esmagadora, que é uma máquina para beneficiar os caroços do algodão e assim agregar valores ao produto. Contudo, Weber falou da lei estadual 215, que isenta do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria) os produtores cooperativados de Roraima.
“Ficamos isentos do ICMS quando compramos diesel, maquinário, adubos e outros implementos agrícolas. É o único incentivo que hoje recebemos do Estado para produzir”, ressaltou o diretor da Cooperativa Grão Norte. (AJ)
Brasil é o 3º maior exportador do mundo
O Brasil é o terceiro maior exportador de algodão do mundo. Nos primeiros oito meses do ano passado, o País exportou mais de 400.000 toneladas do produto, o que representou um valor aproximado de US$ 550 milhões. Os principais países importadores foram Indonésia, Vietnã e Coréia do Sul.
No Brasil, o algodão é produzido principalmente nos estados de Mato Grosso, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Maranhão. Como 5º produtor, atrás de China, Índia, Estados Unidos e Paquistão, o País produziu 1.467 milhão de toneladas na safra 2014/2015.
Apesar de todo esse potencial, o País enfrenta problemas no setor que dificultam seu crescimento. O bicudo-do-algodoeiro, inseto com maior potencial de danos ao algodoeiro, e o alto percentual de fibras curtas do algodão são fatores que reduzem a produtividade e promovem a desvalorização do produto.
O algodão é uma das fibras naturais usadas mais frequentemente na fabricação de tecidos. O local em que ele é plantado determina a qualidade das fibras e consequentemente do produto final. O algodão egípcio produz o melhor tecido do mundo porque é produzido às margens do Rio Nilo. E é esta combinação de água com o clima adequado da Linha do Equador que garante a umidade e o calor necessários para o desenvolvimento saudável da planta. (AJ)