Roraima é o Estado mais distante de Brasília. São 2.193 quilômetros nos separando da capital federal. A maneira mais rápida de chegar até o Centro-Oeste ou a outras regiões do Brasil é de avião, mas após os reajustes nas tarifas para voos domésticos autorizados pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), viajar se tornou uma escolha ainda mais cara para o roraimense.
Segundo dados publicados no dia 27 de março, Roraima registrou a tarifa mais cara do País, no ano passado. Cerca de R$ 646,70 para uma distância média de 2.365 km, enquanto o Espírito Santo, a menor, R$ 317,65 para uma distância média de 854 km.
No último trimestre, as companhias aéreas Azul e Latam apresentaram aumento de 7 % e 4,2%, em relação ao mesmo período do ano anterior. A GOL, que também atua no Estado, registrou queda de 2,1% na mesma base de comparação. De janeiro a dezembro do ano passado, somente 6,7% das passagens foram comercializadas com tarifas aéreas abaixo de R$ 100 e 50,9% abaixo de R$ 300. As passagens acima de R$ 1,500 representaram 0,8% do total.
Pablo Correia, agente de viagens, explica por que viajar de avião de Roraima é tão caro. Segundo ele, as ofertas de apenas três companhias atuantes nos trechos para o Estado e a intensa procura da população, fazem com que as companhias áreas aproveitem para subir os preços das passagens.
“São apenas dois voos na madrugada e apenas um pela parte da tarde, todos sempre lotados. O mínimo para atender a demanda da capital seriam cinco voos diários.”
Correia também disse que embora apresentem aumento nas tarifas áreas, a população continua à procura de pacotes de viagem.
“Os valores sempre são bem altos, mas a população acaba por aderir, já que é o meio mais viável para chegar a outros Estados.”
O agente de viagens também ressaltou a importância de programar com antecedência as viagens.
“É importante programar com pelo menos três meses antes para garantir o desconto, porque com as novas normas, o passageiro paga até R$ 60 por trecho somente para despachar as malas”, disse Pablo Correia.
COMPANHIAS AÉREAS – A Folha entrou em contato com as companhias áreas que operam voos para Roraima para saber o motivo dos preços elevados.
A GOL informou por meio de nota que a companhia registrou uma queda de 3,5% no valor da tarifa aérea média praticado quando comparado ao ano anterior a 2017. A empresa também disse que adota o modelo de precificação dinâmica, permitindo que diferentes públicos tenham acesso ao transporte aéreo. Dessa forma, o valor do trecho é diretamente relacionado com a demanda total do período, fazendo com que as tarifas sejam menores, quando a compra é realizada com maior antecedência da data da viagem.
A Azul Linhas Áreas também se pronunciou por meio de nota e ressaltou que o preço praticado na comercialização de seus bilhetes varia de acordo com vários fatores como trecho, antecedência de compra, disponibilidade de assentos e preço do combustível. Especialmente no caso de Boa Vista, as passagens, em sua maioria, são compradas para alguns dos trechos mais longos operados pela Azul no País, o que naturalmente faz com que os bilhetes tenham um valor absoluto mais elevado. Os custos da Região Norte, especialmente dos fretes para o combustível de aviação, também tendem a influenciar no preço final.
A Latam Airlines Brasil se posicionou por meio de nota e explicou que, como todo o setor aéreo, trabalha com o sistema de precificação dinâmica, que considera diversos fatores para oferecer a cada cliente o produto mais adequado, de acordo com a época do ano, o tempo de viagem, a data de partida, conexões, entre outras variáveis. (P.G)