Cotidiano

Roraima será castigado por mais três meses pela estiagem e calor

As chuvas abaixo da média fazem aumentar riscos de incêndios no Estado, mas Defesa Civil descarta tragédia como a de 1998

A falta de chuvas em Roraima deve se manter pelos próximos três meses e a tendência é aumentar ainda mais a temperatura, que já chegou a 39,5 graus no mês passado. Segundo o meteorologista da Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femahr), Ramos Alves, a previsão é de não chover nos próximos três meses em Boa Vista.

Serão chuvas abaixo do normal e de temperaturas acima do normal, se mantendo sempre próximas aos 39 graus, durante o trimestre no Estado.  “Para o mês de outubro a média é de 50 milímetros de chuvas, mas as chuvas esperadas serão bem abaixo disso. Em setembro, a média era de 95 e só choveu 15 milímetros”, disse o meteorologista.

Esses números preocupam o secretário da Defesa Civil Estadual, coronel Cleudiomar Ferreira, que vê a probabilidade de aumentar os riscos de queimadas e incêndios. Ele chegou a afirmar que as condições climáticas são semelhantes às de 1998, quando houve o grande incêndio em várias regiões do Estado. Porém, descartou a probabilidade de haver um novo grande incêndio ao ressaltar que hoje as condições são diferentes daquele ano.

“Naquela época, estavam acontecendo muitos projetos agrícolas. Hoje estas áreas são fazendas e os produtores já desmataram o que tinha que desmatar e as florestas viraram pastos. Dessa forma, não tem como acontecer outro incêndio daquelas proporções. Além de que hoje estamos mais equipados e com planejamento e fiscalização, bem como os produtores mais conscientes”, afirmou.     

Diante do cenário, o coronel destacou que os riscos maiores de focos de incêndios estão na região Centro-Norte do Estado, incluindo os municípios de Boa Vista, Iracema, Cantá, Bonfim, Amajari, Pacaraima, Normandia e Uiramutã.  

Ele informou que técnicos estão fazendo vistorias nos locais mais afetados pela estiagem e que apresentam características mais propensas a incêndios, embora tenha afirmado que ainda não existam focos de queimadas nestes locais. “Existem os riscos, mas até o momento registramos apenas pequenos focos de queimadas, mas nada fora de controle. Até porque, neste período, os produtores estão na fase de derrubada, já que não existe emissão de autorização de queimadas. Mas é preocupante já que o mato está muito seco e, se houver queimadas sem autorização, é provável que aconteçam incêndios”, frisou.

Ferreira informou que a Defesa Civil já está formando as equipes que ficarão de prontidão na sede em Boa Vista, de onde se deslocam para chamadas emergenciais. “São equipes equipadas com picapes, abafadores e bombas costais para que atendam de imediato as chamadas em Boa Vista e no interior do Estado”, disse.

Quanto ao problema da seca, o secretário falou de sua preocupação com o longo período de estiagem que já se vislumbra no Estado. Lembrou que alguns municípios ainda se recuperam da seca que sofreram no início deste ano. “Fizemos vistorias em regiões dos municípios de Mucajaí e Iracema, que foram afetados pela estiagem no início deste ano. Encontramos açudes, bebedouros e igarapés secos, e isso é preocupante, já que estamos ainda em outubro. Essa situação, sim, é mais grave que em 1998”, frisou.

Para reforçar suas palavras, Ferreira citou a situação de seca e de incêndios que já estão ocorrendo próximo às divisas de Roraima com os estados do Amazonas e Pará. “Estas regiões estão muito secas e já começou a ter focos de incêndios. O território de Roraima está caminhando para este mesmo cenário e tudo isso é consequência do fenômeno El Niño, que está se agravando”, afirmou. (R.R)