AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
Em 2018, o país tinha 13,5 milhões pessoas com renda mensal per capita inferior a R$ 145, ou U$S 1,9, por dia, critério adotado pelo Banco Mundial para identificar a condição de extrema pobreza.
Em Roraima, em 2018, cerca de 32% da população vivia abaixo da linha da pobreza, segundo informações da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números relativos a 2019, quando a migração mais atingiu o estado, ainda não foram divulgados pelo IBGE e não têm data prevista para serem lançados.
A pesquisa apontou que, naquele cenário da época, onde era estimada uma população de 513 mil habitantes, apesar de serem considerados miseráveis, um em cada três roraimenses vivia com menos de R$ 420 por mês, mais da metade do salário mínimo daquele ano, que era de R$ 954. Atualmente Roraima possui aproximadamente 606 mil habitantes e o salário mínimo equivale a R$ 1.039.
A reportagem tentou buscar junto ao Instituto dados de 2015 a 2017 relacionados à população abaixo da linha de pobreza, porém, o órgão informou que só divulgaria esses números na próxima segunda-feira (16).
O sociólogo Paulo Racoski apontou que essa parcela da população anteriormente possuía um alto grau de dependência do repasse de programas sociais, nas esferas estaduais e federais.
“Isso mascarava o empobrecimento social e material da população roraimense, pois tinha pessoas que obtiveram alguma dignidade material de consumo e infelizmente a ideia de cidadania no Brasil é potencializada somente nesse quesito e não mede efetivamente o resultado material do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)”, disse Racoski.
O sociólogo afirma que o afastamento dessa ação do poder público reflete no aumento da prostituição, da violência, empobrecimento das famílias, gravidez na adolescência, abandono do campo, concentração de renda e atos ilícitos. “Mostra que nossa população é claramente empobrecida e essas informações de 2018 somente fazem um clareamento dessa situação”, acrescentou.
UMA SOLUÇÃO – Racoski acredita que, paliativamente, é preciso que sejam retomados os programas sociais do Estado e da União para atender de imediato a população menos abastada.
“Nesse caso, seria necessário realizar um levantamento de quem precisa desses auxílios materias ou econômicos, para tirar essa parcela da população da miséria absoluta”, declarou.
Uma opção mais definitiva apontada pelo sociólogo é haver investimentos na indústria e na manufatura, em especial na agropecuária e na agroindústria que, segundo ele, é uma vocação de Roraima. “Poderíamos viabilizar uma estabilidade no estado”, finalizou Racoski.