Cotidiano

Roraima tem deficit de até 800 leitos

Levantamento feito pelo CFM aponta que quase 15 mil leitos de internação foram desativados na rede pública desde julho de 2010

O problema de falta de leitos de internação – aqueles destinados a pacientes que precisam permanecer num hospital por mais de 24 horas – é um dos pontos cruciais em hospitais em todo Brasil. Em Roraima não é diferente. Segundo informações apuradas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do Ministério da Saúde, quase 15 mil leitos de internação foram desativados na rede pública de saúde desde julho de 2010.
Naquele mês, o País dispunha de 336,2 mil deles para uso exclusivo do Sistema Único de Saúde (SUS). Em julho deste ano, o número passou para 321,6 mil – uma queda de quase 10 leitos por dia. O período escolhido levou em conta informação do próprio governo de que os números anteriores a 2010 poderiam não estar atualizados.
O presidente do Conselho Regional de Medicina em Roraima (CRM-RR), Alexandre Marques, disse que ainda não teve acesso ao relatório do CFM, que aponta o número de leitos de internação nas unidades hospitalares de Roraima, mas afirmou que o deficit no Estado é de aproximadamente 800 leitos, divididos entre o Hospital Materno infantil Nossa Senhora de Nazareth, o Hospital Geral de Roraima (HGR) e o Hospital da Criança Santo Antônio, este último sob responsabilidade da Prefeitura de Boa Vista.  
Embora não tenha apresentado o número de leitos de 2010 e pudesse fazer um comparativo com os leitos disponíveis dos dias atuais em Roraima, Alexandre Marques criticou a falta de política por parte do Ministério da Saúde para abertura de novos leitos hospitalares.   “Podemos afirmar que hoje, em Roraima, temos um deficit de 600 a 800 leitos no Estado, para que se pudesse chegar a um patamar de equilíbrio”, frisou.
Entre os principais entraves de adequação e aumento do número de leitos em Roraima, o presidente do CRM destacou a falta de financiamento no setor. “Para se chegar ao patamar de equilíbrio de que hoje precisamos, teria que tentar o máximo de credenciamento de leitos na iniciativa privada e efetivamente construção e ampliação das unidades existentes, em especial a maternidade e o Hospital Geral”, frisou.
Alexandre Marques ressaltou que a falta de leitos de internação é um dos pontos que dificulta o trabalho de atendimento médico de qualidade. “Sem o leito não há como o médico fazer um acompanhamento adequado do paciente, já que ele não tem onde ficar devidamente instalado na unidade de saúde. Esse é um dos grandes problemas do Pronto Socorro, que é feito justamente para que o paciente fique 24 horas em observação para se definir se é um caso para receber alta e acompanhamento ambulatorial ou para internação e acompanhamento clínico”, frisou.
Ele ressaltou que o CRM tem feito fiscalização de rotina nas unidades hospitalares de Roraima e apontado essa deficiência de leitos, inclusive ressaltou um problema detectado no Hospital da Criança Santo Antônio.
“Constatamos uma realidade no Hospital da Criança onde foi construído um bloco e não está sendo utilizado porque o Ministério da Saúde não liberou a construção por estar fora das especificações da RDC 50 [Resolução de Diretoria Colegiada] da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]”, disse. “Com isso, temos, hoje, uma superlotação nos outros blocos do Hospital da Criança, enquanto se tem um bloco construído e que não se pode utilizar”. (R.R)