AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
Quando o governo Denarium iniciou, em janeiro desse ano, Roraima tinha um total de 8.834 pacientes esperando por uma cirurgia eletiva e, desde então, 1.658 teriam sido submetidos a procedimento cirúrgico e 7.176 ainda estão na fila de espera. Os dados, informados pela Secretaria de Saúde (Sesau), são da Coordenação Geral de Avaliação, Regulação e Controle (CGRAC).
A secretaria informou que teria tentando contato com os pacientes na fila de espera, mas apenas 1.844 pessoas responderam e 865 pessoas informaram que não necessitariam mais do serviço.
A Sesau esclareceu também que a falta de insumos foi um dos problemas enfrentados durante os últimos três meses, já que algumas empresas não concordaram em realizar os fornecimentos dos instrumentos necessários para o pleno funcionamento das unidades do Estado, a exemplo do Hospital Geral de Roraima (HGR), que enfrenta falta de materiais. Essa negativa ocasionou um acréscimo na fila única do Sistema Único de Saúde de 1.658 pacientes.
O órgão estadual destacou que conseguiu acertar a oferta de insumos necessários para abastecer as unidades hospitalares de Roraima, o que deve permitir que aqueles que estão esperando pelo procedimento de intervenção sejam reexaminados pela direção clínica do HGR. “A meta da Secretaria é zerar a fila de espera até o fim deste ano, dando uma melhor resposta para os anseios da população do Estado” conclui.
Notificados por edital – Ainda segundo a Sesau, 4.467 pacientes que têm o nome na fila não retornaram o contato feito pela Coordenação Geral de Avaliação, Regulação e Controle, e devem ser procurados presencialmente para depois serem notificados por edital. Caso não sejam encontrados serão retirados da fila, reduzindo a espera dos que aguardam e estão recadastrados.
A Sesau não informou quanto tempo esse procedimento deve durar, mas a expectativa é que até o início do ano que vem, a fila do SUS esteja com apenas um pouco mais de 3 mil pacientes
Pacientes reclamam da longa espera
Enquanto a secretaria afirma trabalhar para diminuir, ou até zerar, a fila de espera das cirurgias eletivas, vários pacientes enfrentam as consequências desse tempo que parece interminável. Uma delas é a dona de casa M. O. A., de 56 anos, que espera há um ano por uma cirurgia bariátrica.
“Eu já fui jogada de um lado para o outro e a última coisa que me falaram é que só vão me operar daqui a sete meses. Um médico me disse que meu caso era de pequena cirurgia, aí o médico dessa cirurgia me joga para o ortopedista. E eu já estou sofrendo com esses problemas, principalmente nas pernas e nas coxas por mais de dois anos e agora estou esperando algum resultado”, relatou a dona de casa.
M.O.A. ressalta que a bariátrica poderia ajudar bastante na resolução de seus problemas, já que não teria como arcar com os custos de uma dieta recomendada para ela e poderia ser obrigada a retirar do dinheiro reservado para a compra de remédios controlados.
“Elas (as nutricionistas) dizem que é barato, que o barato sai caro, fora que eu gasto com transporte lá do [bairro] João de Barro para o centro toda vez que eu preciso marcar consulta especializada”, salientou a senhora.
A dona de casa lamenta a demora em obter uma resposta satisfatória para o seu caso. “Ter que esperar tendo problemas de saúde é complicado. A gente quer ser atendido, né? A nossa saúde precisa estar melhor, porque com saúde temos tudo. Se não tivermos isso, não teremos nada”, garante a paciente.
M.O.A. também relatou para nossa equipe que teve que fazer o exame de Ecocardiograma (ECG) de forma particular, já que não conseguiu marcar o exame pelo SUS, pois a Sesau não estaria fazendo o agendamento.
“Eu tive que tirar do dinheiro que eu tenho para comprar meus remédios controlados, pois eu cheguei lá e me disseram que o exame estava suspenso e a única coisa que eu consegui fazer foi esperar” relembrou a senhora.
OUTRO LADO – A nossa equipe entrou em contato com a Sesau que informou que as cirurgias bariátricas devem retornar somente no próximo ano.
“A pasta está trabalhando em um plano de ação que contemple essa especialidade.
Em razão da crise financeira que se acentuou no início deste ano, a Secretaria priorizou apenas os casos mais urgentes. Nesse sentido, a pasta aconselha que a paciente busque novamente o setor de marcações da CECM (Clínica Especializada Coronel Mota) para uma reavaliação com especialista”.
Com relação ao exame de ecocardiograma, o CCDI informou que o procedimento foi retomado no dia 1º de outubro deste ano, sendo ofertado normalmente.
“Por conta da demanda de pessoas que buscam o exame, a unidade está realizando o agendamento de todos os solicitantes para um calendário de atendimento que cobre todos os dias do mês. O agendamento para o mês de dezembro será aberto nesta quarta-feira, dia 27. O interessado deve procurar a unidade a partir das 7 horas munido da solicitação do exame e cópias da identidade, CPF, cartão do SUS e comprovante de residência”, concluiu a nota.