Cotidiano

Roraima tem o 3º maior custo de vida da região Norte

ANA GABRIELA GOMES

Editoria de Cidade

R$ 2.701,37. Esse é o valor médio mensal de despesa de uma família em Roraima, de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em um comparativo com os demais estados da região Norte, Roraima ocupa a terceira posição em relação ao custo de vida, perdendo apenas para o Acre (R$ 2.897,46) e o Amapá (R$ 3.613,20).

Habitação, Transporte e Higiene/ Cuidados Pessoais foram os setores que tiveram o custo mais elevado em relação à região Norte. Na Habitação, Roraima teve um gasto médio calculado em R$ 1.071,03, 11,5% a mais do que o valor médio de R$ 960,30 da região. No setor de Higiene e Cuidados Pessoais, o valor médio do estado (R$ 466,00) é 11% maior (R$ 437,10). No Transporte, a diferença foi de apenas 6,7%.

Na avaliação do economista Fábio Martinez, alguns fatores influenciam o estado a ocupar a terceira colocação. O primeiro deles é o frete cobrado. “Quando existe a produção massiva de um determinado item, ele costuma ter um preço mais baixo. Como não temos produção em escala e compramos de fora, o frete encarece o produto, apesar de estarmos em uma Área de Livre Comércio (ALC)”, explicou.

Outro fator que contribui para um custo mais alto de vida é o fato de a renda média de Roraima ser a maior da região (R$ 1.204,00). Apesar de parte da população receber um valor abaixo dessa média, Martinez destacou que a alta concentração de servidores públicos, com média salarial acima da iniciativa privada, e que por isso têm um custo maior, acaba encarecendo produtos no mercado.

O último fator apontado pelo economista é o aumento da venda de mercadorias para a Venezuela. É sabido que itens básicos estão sendo vendidos constantemente para o país, o que torna o produto escasso. “Por um lado, é bom porque ganhamos nas exportações, mas acabamos deixando o mercado local sem o item. O importante é lembrar que estamos falando de médias. Há quem gaste mais e há quem gaste menos”, pontuou.

Como a citada pesquisa do IBGE é feita a cada década, a tendência para os próximos anos é que o custo aumente. O economista ressaltou, entretanto, que isso é natural. “Como temos um rendimento elevado na área da administração pública, existe uma tendência natural de crescimento do rendimento. Temos perspectiva de sair da última economia do Brasil nos próximos anos”, concluiu.

População avalia custo de vida em Roraima

Frente à pesquisa do IBGE, a Folha conversou com alguns populares para saber o gasto médio mensal do boavistense. Uma servidora pública do Estado, que preferiu não se identificar, confirmou que o gasto médio mensal da mesma é superior a R$ 2 mil considerando aluguel, combustível, supermercado, contas e cuidados pessoais. “Para o que eu recebo, eu consigo pagar todas as despesas, mas ainda assim acho as coisas caras (em Roraima), disse. O mesmo não ocorre com o vendedor Rômulo Siqueira. “Com todas as despesas de casa, sem contar com lazer, eu gasto quase R$ 2 mil. Tem meses que eu preciso poupar aqui e ali. Pra conseguir pagar tudo e ainda ter um dinheiro extra, eu precisaria trabalhar ainda mais e ter outra renda”, brincou.