Cotidiano

Roraima tem o cimento mais caro do país

Com o valor do cimento lá em cima e com preços altos de outros insumos, setor da construção civil em Roraima também encarece mão de obra

O elevado preço do cimento é apontado como o vilão na construção civil em Roraima, deixando o Estado entre os estados com o metro quadrado mais caro do Brasil. Segundo o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Roraima (Sinduscon-RR) e diretor da empresa Renovo em Roraima, Clerlânio Holanda, além do cimento, outros insumos da construção civil, como o aço, ferro, cerâmica e a mão de obra são fatores que ajudam a elevar o Estado a esse status.
Em Roraima a média de preço da saca de cimento de 42.5 quilos no mercado é de R$ 32,50. No restante do país, a média da saca de 50 kg é de R$ 24,17 em São Paulo (SP), R$ 23,49 em Cuaibá (MT), de R$21,65 em Brasília (DF), R$ 26,27 em Porto Alegre (RS) e R$24,10 em Curitiba (PR).
“O insumo de maior relevância na construção civil é o cimento, mas têm também a mão de obra, o ferro, o revestimento e a cerâmica, entre outros, o que nos deixa com elevados custos em relação a outros centros”, frisou ao ressaltar que a distância geográfica de Roraima para outros estados produtores do Brasil e os custos agregados de transportes e logística, fazem com que os insumos cheguem ao Estado com preços mais altos.
“Com o cimento não é diferente. Como não temos fábrica em Roraima, a mais próxima que temos é no Amazonas. Isso faz com que o custo do cimento de 42,5 quilos fique em torno de R$30,00 a R$33,00. Esse mesmo cimento, em Manaus, custa entre R$24,00 e R$25,00”, disse acrescentando que o aumento está embutido no custo de transporte e no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). “No final, fica cerca de 20% a mais para chegar em Boa Vista”, disse. O frete fica em torno de R$ 4,50 por saca e mais R$ 1,25 de imposto.     
AUMENTO – Clerlânio Holanda disse que, devido ao recente aumento do preço dos combustíveis, já sente, ainda tímido, que alguns insumos chegam com preço majorado. “Tudo está atrelado ao preço do combustível e tudo que chega via terrestre está com o aumento devido ao frete que aumenta proporcionalmente ao preço do combustível”, frisou.
Ele explicou que o valor final do produto vai variar de acordo com a distância e a quantidade da mercadoria. “Quanto mais distante, haverá um maior percentual de aumento no preço final ao produto”, complementou.
TRIBUTOS – Embora tenha informado que não entra no mérito da questão tributária, Holanda afirmou que o tema precisa ser discutido de forma macro sobre a construção civil no Brasil e especificamente em Roraima. Disse que o tema precisa ser discutido com gestores e secretários da Fazenda de Roraima e do Amazonas, além de técnicos da Zona Franca de Manaus para adoção de medidas de deságio em impostos a fim de baratear os custos do produto.
“Isso tem que ser revisto, estudar a matéria, para que o cimento não chegue a Roraima com custos tão altos em relação a outros centros. Mas a construção civil, em todo Brasil, precisa de uma política pública por parte do Governo Federal, para que se possa voltar ao crescimento porque hoje o que temos é um alto número de desemprego. Quando sair o relatório de março, será de mais desemprego. Não podemos esperar pelo final do ano para investir, temos que ter uma definição de política de crescimento. O setor, no Brasil inteiro, está esperando essa resposta do Governo Federal”, frisou.               Segundo Holanda, com a indefinição do governo, tanto o mutuário quanto o empresário estão com receio de fazer novos investimentos no setor da construção civil.  (R.R)