Cotidiano

RR apresenta melhor desempenho de vendas no comércio varejista

De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE, Roraima apresentou crescimento de 11,9% em vendas no comércio varejista

Apesar de se falar em crise no Brasil e também no Estado, uma pesquisa divulgada esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), referente ao mês de fevereiro deste ano, aponta que Roraima aparece como o melhor desempenho, num comparativo de fevereiro deste ano em relação ao mesmo mês do ano anterior, com 11,9% de crescimento de vendas no comércio varejista.
A Pesquisa Mensal de Comércio produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do comércio varejista no País, investigando a receita bruta de revenda nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, e cuja atividade principal é o comércio varejista.
Já na variação de vendas do comércio ampliado, que inclui também indicadores do comércio da construção civil, venda de veículos e de peças, Roraima aparece como único Estado do Brasil com desempenho positivo, de 1,0%. “Todos os outros estados apresentaram resultados negativos, destacando-se o Espírito Santo e a Paraíba, com índice acima de 13% negativos”, disse o supervisor de disseminação da Informação de Geografia e Estatísticas do escritório do IBGE em Roraima, Liezer Hernandez Pino. “Isso mostra que estamos vivendo um momento bastante crítico na economia brasileira e tem reflexo local bastante forte, mas que nossa economia tem mostrado evolução nos últimos meses”, frisou.
Porém, noutro critério divulgado na pesquisa, no aspecto de variação de janeiro deste ano em relação a janeiro de 2014, Roraima apresentou o pior registro do Brasil neste início de ano para o comércio varejista, com -8%. Depois aparece Amapá (-6,7%), Goiás (-2,5%) e Ceará, com -2,4%. As maiores taxas positivas ocorreram em Sergipe (3,3%) e Tocantins (2,5%).
Hernandez Pino destacou que a pesquisa mensal do comércio retrata o termômetro econômico de séries históricas e revela que neste início de ano o comércio nacional vive uma crise. “O comércio varejista é o grande termômetro da economia. Se tem dinheiro, vende; sem não tem, não vende, e isso se torna um efeito cascata. Se não vende, não arrecada, não paga e não entra dinheiro nos caixas das contas públicas e nem do comerciante e empresariado”, explicou.
Porém, Pino ressaltou que Boa Vista vem mostrando crescimento econômico razoável e acima da média habitual anual de crescimento e destacou os novos investimentos e empreendimentos de franquias e grifes, recém instaladas na Capital, aliados a uma mudança significativa no perfil do consumidor.
“Os shoppings vieram em função da tendência que já enxergavam. Evidentemente que qualquer resquício de crise respinga também nestes empreendimentos, mas eles não vieram se consolidar em Roraima sem ter um amplo estudo de projeção de futuro. Isso quer dizer que nossa economia está bem e o reflexo disso são os números apresentados na pesquisa, apesar da crise nacional”, frisou.
GLOBAL – Em termos de impacto negativo no resultado global do setor, os destaques foram os estados de São Paulo (-11,7%), Rio Grande do Sul (-13,2%), Minas Gerais (-9,6%) e Rio de Janeiro, com -7,1%.
A pesquisa aponta ainda que das 27 unidades da Federação, 20 apresentaram variações negativas no volume de vendas, na comparação de fevereiro de 2015 com igual mês do ano anterior, com destaque para Goiás, com -10,6%, Mato Grosso, com -8,9%, e Distrito Federal e Maranhão, com -8,7%. Quanto às maiores participações negativas na composição da taxa do varejo, destacaram-se, pela ordem: São Paulo (-2,1%); Rio Grande do Sul (-7,3%); Minas Gerais (-5,2 %); e Bahia (-7,0%).
Na relação fevereiro de 2015/fevereiro de 2014 (série sem ajuste), considerando o volume de vendas, cinco das oito atividades do comércio varejista registraram variações negativas. Por ordem de contribuição à taxa global negativa, os resultados foram os seguintes: -10,4% para móveis e eletrodomésticos; -10,4% para combustíveis e lubrificantes; -1,8% para hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; -7,3% para tecidos, vestuário e calçados; e -5,3% para livros, jornais, revistas e papelaria.
As atividades que exerceram impactos positivos na composição do resultado do varejo foram: artigos de uso pessoal e doméstico (3,0%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (3,2%); e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, com 8,4%     Economista pesquisa ‘dados incomuns’ em RR   A Folha entrevistou o economista Raimundo Keller para que ele explicasse e comentasse os dados divulgados na Pesquisa Mensal de Comércio, que apontou Roraima com 11,9% de crescimento de vendas no comércio varejista no mês de fevereiro deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, e deixa o Estado com o melhor desempenho no País. Como também sobre o desempenho positivo de 1,0% registrado na variação de vendas do comércio ampliado, que inclui também indicadores do comércio da construção civil, venda de veículos e de peças, em que Roraima aparece como o único Estado do Brasil com saldo positivo.
Ele falou que está com uma equipe pesquisando o que chamou de ‘dado incomum para a economia de Roraima’. No entanto, não comentou sobre os números divulgados, mas destacou alguns pontos que, segundo ele, devem ser levados em consideração para se ter um janeiro com comércio fraco e um fevereiro sendo destaque nacional. “O primeiro ponto é que o Natal foi fraco. O roraimense não foi às compras no comércio, mas em fevereiro houve a volta às aulas e outras compras que fez o comércio voltar ao normal, enquanto que no resto do País as vendas despencaram no mesmo período”, analisou.
Mas para ter uma explicação mais profunda, o economista resolveu colocar uma equipe na rua para pesquisar as razões e acontecimentos que contribuíram para esse número divulgado pela pesquisa. A pesquisa está sendo feita por profissionais e estagiários de cursos de Economia.  
“Temos que ter uma certeza do porquê desse número divulgado com crescimento só em Roraima. É um dado interessante e incomum na economia de Roraima que precisa ser pesquisado mais a fundo”, disse, informando que a pesquisa está sendo feita junto a empresários, consumidores e que dados do comércio e do IBGE estão sendo analisados.
CRESCIMENTO – Keller destacou que os setores de comércio e de serviços de Roraima vêm crescendo há algum tempo. “Esse crescimento não é de agora. E especificamente, nos últimos três meses, tornou-se a fonte de renda de 38% da massa populacional do Estado e é interessante observar que no nosso mercado tem, hoje, consumidores da Venezuela e da Guina”, frisou. (R.R)