Roraima concentrou 48% das áreas queimadas em todo o Brasil, entre janeiro e fevereiro. Foram 259 mil hectares, divididos entre três municípios: Pacaraima, Normandia e Amajari, onde ficam os territórios indígenas São Marcos, Raposa Serra do Sol e Araçá. Os dados são do Monitor do Fogo do MapBiomas, que contabiliza os efeitos de queimadas sobre o território nacional a partir de imagens de satélite.
Segundo Felipe Martenexenn, pesquisador no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e responsável pelo mapeamento da Amazônia, a queimada nestas áreas de Roraima pode estar relacionada a características climáticas e ambientais únicas do estado
“Roraima está localizado no hemisfério norte, enquanto a maior parte dos demais estados se localiza no hemisfério sul. Desta forma, enquanto o período de seca em boa parte do país ocorre entre os meses de maio a setembro, em Roraima os meses de seca ocorrem entre dezembro e abril”, detalha.
O Brasil perdeu 536 mil hectares para o fogo no mesmo período. Em relação ao mesmo período no ano passado, foram 213 mil hectares, ou 28%, a menos. A quase totalidade dessa área – 487 mil hectares, ou 90% do total – foi na Amazônia.
A Amazônia teve 230 mil hectares queimados. Mais da metade (59%) da área queimada nesse bioma foi em formação campestre, dos quais pertencem Roraima, Mato Grosso e Pará – que foram os campeões de queimadas -. Entre os diversos usos da terra, o que respondeu pela maior área queimada foi a pastagem (8%, ou 15 mil hectares).
Mato Grosso e Pará tiveram 90 mil hectares e 71 mil hectares queimados, respectivamente. Ao lado de Roraima, esses estados representaram 79% do total da área queimada no Brasil nos dois primeiros meses de 2023.
No entanto, Roraima respondeu sozinho por mais da metade (57%) da área queimada no Brasil em fevereiro: mais de 141 mil hectares, extensão 19% superior à mapeada em janeiro. A quase totalidade desse território (98%) é de formações campestres.
O segundo bioma que mais queimou nos dois primeiros meses de 2023 foi o Cerrado. Foram 24 mil hectares divididos igualmente entre janeiro e fevereiro. Esse número é 64% maior na comparação com o mesmo período de 2022 (ou 9 mil ha a mais). Os estados que mais queimaram no Cerrado foram Mato Grosso (que também é um dos líderes em área queimada na Amazônia) e Maranhão.
Cerca de um terço (32%) da área queimada no Cerrado nos dois primeiros meses de 2023 foi em formação savânica (7 mil hectares). Na Mata Atlântica, Pantanal e Caatinga, a extensão queimada em janeiro e fevereiro foi a menor dos últimos cinco anos. Na Mata Atlântica foram 4.600 hectares queimados, a maior parte dos quais concentrada em áreas agrícolas.
No Pantanal, foram 8,8 mil hectares, a maioria concentrados em formações campestres e com uma grande área queimada no Parque Nacional do Pantanal Mato Grossense. Na Caatinga, a extensão queimada somou 6,7 mil hectares.
No Pampa, foram queimados 4 mil hectares, 70% dos quais em formações campestres. A maior parte da área queimada em todo o Brasil (84%) foi em vegetação nativa, a maioria em formações campestres. Dentre os tipos de uso agropecuário, as pastagens se destacaram, representando 12% da área queimada.
A análise das imagens de satélite captadas ao longo de fevereiro mostra que 249 mil hectares foram queimados em todo o Brasil – uma queda de 16% (48 mil hectares a menos) em relação ao mesmo mês de 2022. A maior parte (87%) da área queimada no período foi em vegetação nativa, principalmente formações campestres, que responderam por mais da metade (56%) da área queimada no mês passado. Dentro os tipos de uso agropecuário, as pastagens se destacaram, representando 9% da área queimada em fevereiro de 2023.
As Unidades de Conservação que lideram o ranking de área queimada em fevereiro de 2023 são: Parque Nacional da Serra da Canastra (MG), Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO), ambos no Cerrado, e Parque Nacional do Monte Roraima (RR), na Amazônia.