Cotidiano

RR é entrada para pragas quarentenárias

Um dos motivos da alta incidência de pragas está no aumento do fluxo de mercadorias e pessoas circulando pelas fronteiras do Estado

Roraima é o Estado que apresenta o maior número de registros de pragas quarentenárias do País. De acordo com a empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), um dos motivos da alta incidência desses organismos está no aumento do fluxo de mercadorias e pessoas circulando pelas fronteiras estaduais e internacionais.

Segundo a pesquisadora da Embrapa, Elisangela Fidelis, a empresa está organizando propostas de projetos relacionadas às pragas quarentenárias.  “A gente chama essa organização de arranjo de projetos. A Embrapa Roraima lidera esse arranjo e nós temos diversas ações relacionadas às pesquisas e algumas coisas que apoiam o Ministério da Agricultura para minimizar e reduzir o risco dessas entradas”, disse.

Conforme ela, outros fatores que contribuem para esse cenário são a dificuldade de acesso e fiscalização nas fronteiras. “Fazemos divisas com dois países [Guiana, Leste, e Venezuela, Norte] que não se preocupam muito em relação à entrada dessas pragas. Como eles não têm estrutura, muitas pragas entram e, às vezes, nem reportam. Além disso, a pesquisa é mais defasada e muitas pragas estão presentes lá e vêm para o Brasil sem a gente saber”, explicou.

De acordo com a pesquisadora, Roraima tem registrado, desde 2008, a entrada de pragas que antes não existiam no Brasil. “As que entraram foram mais prejudiciais à fruticultura, mas tem pragas muito sérias que atacam os grãos, como foi o caso da Helicoverpa, que era uma praga quarentenária e chegou aqui em Roraima”, citou.

Para tentar evitar a infestação das pragas quarentenárias, a Embrapa vem desenvolvendo pesquisas e testando variedades resistentes. “Uma das propostas dentro do arranjo é a questão de desenvolver variedades resistentes a pragas que ainda não estão presentes.

O Brasil tem experiência em relação a isso, que é o caso da ferrugem do café. Antes de essa praga chegar ao país pesquisadores brasileiros já tinham desenvolvido variedades de café resistentes a ela”, destacou.

A pesquisadora explicou que, para que sejam pesquisadas em Roraima, o órgão depende da parceria dos países vizinhos. “Tem projetos aprovados para desenvolver essas variedades, mas dependemos da parceria dos países que têm a presença dessas pragas. A ideia é utilizar os materiais nesse país para desenvolver a variedade resistente, isso é uma medida preventiva”, ressaltou.

PRAGAS – Nas últimas duas décadas, sete pragas entraram no Brasil pela região Norte: a mosca-da-carambola, a sigatoka-negra-da-bananeira, a mosca-negra-dos-citros, o ácaro-hindustânico-dos-citros, o ácaro-vermelho-das-palmeiras, a cochonilha-rosada e o besouro-da-acerola.

Além dessas, há pelo menos 66 pragas ausentes (A1) já estabelecidas nos países pan-amazônicos e algumas apresentam alto risco de entrada. Roraima possui grande número de registro dessas pragas. (L.G.C)