Cotidiano

RR registra queda na oferta de trabalho

Conforme o Sine, de janeiro a novembro do ano passado, 1.210 postos de trabalho foram fechados no Estado

Como reflexos da crise, Roraima registrou o encolhimento significativo na abertura de novos postos de trabalho. De acordo com o levantamento do Sistema Nacional de Empregos em Roraima (Sine), de janeiro a novembro do ano passado foram abertos 554 novos postos de trabalho. No entanto, 1.210 postos foram fechados no mesmo período.

“Em termos gerais, 2015 foi um ano em que as demissões foram maiores que as admissões, mas em vista do desempenho de outros estados, Roraima teve um desempenho satisfatório nesta questão, destacando principalmente o mês de setembro, quando houve a abertura de 350 postos de trabalho”, afirmou o coordenador do Núcleo de Intermediação de Mão de Obra (Nimo) do Sine, Nailto Távora.

Conforme o coordenador, o comércio foi o setor que mais contratou pessoas, com destaque para a parte de vendas. Em seguida, vem serviços, com forte predominância da Construção Civil. “No começo do ano, a construção civil estava liderando na questão das contratações, mas, com o passar dos meses, acabou apresentando uma redução, ficando atrás do comércio. A chegada de algumas empresas do segmento de vendas influenciou bastante nesse resultado”, disse.

Das 1.560 vagas de empregos disponibilizadas no ano passado, o órgão encaminhou para entrevista 7.935 candidatos. Entretanto, apenas 670 foram incorporados ao mercado de trabalho, o que representa um aproveitamento de 8.49%. Em 2014, foram disponibilizadas 1.719 vagas, com contratação de 931 candidatos. Um aproveitamento de 10%.

“É um percentual pequeno e isso se dá não só pela crise financeira, mas também pela baixa qualificação dos candidatos. É um fato que constatamos nas entrevistas com essas pessoas e também com as empresas que nos procuram. O mercado de trabalho, hoje, exige qualificação e muitas dessas pessoas vêm até com muita vontade de trabalhar, mas acabam não sendo contratadas por conta disso. Por não ter conhecimento ou pela falta de uma base de aprendizagem que o mercado de trabalho exige, elas acabam sendo dispensadas”, frisou.

Outra preocupação é em relação ao aumento de pessoas que acabam ficando desempregadas. Segundo o coordenador, até novembro do ano passado, 4.200 pessoas deram entrada no Seguro Desemprego, número que pode aumentar até o encerramento do levantamento.

“Com a consolidação dos números de dezembro, há previsão de que esse número cresça para 4.800. Ou seja, quase cinco mil pessoas deram entrada no seguro desemprego”, ressaltou.

Para auxiliar candidatos e empresas, o Sine tem investido em várias iniciativas de orientação, consultoria e inclusão social. Destaque para as ações voltadas para as Pessoas com Deficiência (PCD), que alavancou de 6 para 48 o número de contratações, no período de 2014 para 2015.

“Antes de assumir o Sine em 2015, o órgão funcionava apenas como receptor de vagas disponibilizadas por empresas. Hoje, nós desenvolvemos um plano de ação consistente, em que oferecemos um espaço que facilita a triagem de pessoas. Nós temos, por exemplo, uma psicóloga, que faz a captação do candidato junto às empresas, de acordo com as necessidades de cada uma delas”, disse. 

“Damos ainda suporte de orientação para os candidatos, principalmente naquelas onde os requisitos se enquadram perfeitamente em determinado setor. Para este ano, nós já temos o planejamento para iniciar ações de treinamentos para os nossos cadastrados, dando a eles a oportunidade de se qualificarem para o mercado de trabalho”, complementou.

Foi a oportunidade de qualificação que atraiu o motorista Augusto dos Santos, de 43 anos. Desempregado há dois anos, ele conta que tem feito alguns trabalhos para ajudar na renda de casa. Para ele, a reinserção no mercado de trabalho seria ideal para começar 2016 com o pé direito. “A gente só não passa necessidade porque a esposa é professora, mas é muito ruim ficar sem fazer nada. Tendo um emprego fixo, ajuda bastante e você se sente até mais útil no seu dia a dia”, comentou.

Devido à instabilidade financeira, muitas empresas estão cautelosas na disponibilização de ofertas de empregos no início de 2016. No entanto, Nailto Távora acredita que o mercado começará a reagir após o término do Carnaval, que este ano inicia no dia 09 de fevereiro.

“Esse ano, a demanda tem sido bem menor que no mesmo período do ano passado. Janeiro de 2015 começou bem mais movimentado e, esse ano de 2016, a gente tem percebido que a procura ainda está sendo bem tímida. Em grande parte, isso se deve ao momento de crise que ainda estamos passando e as empresas estão recuadas, disponibilizando poucas vagas de emprego. Eu creio que deva dar uma melhorada após o período de carnaval”, concluiu.

FUNCIONAMENTO – O Sine Roraima funciona em uma sala anexa à Secretaria do Trabalho e Bem Estar Social (Setrabes), localizada na Avenida Mário Homem de Melo, bairro Mecejana, zona Oeste, no horário das 07h30 à 13h30.

Para fazer o cadastro, o interessado deve apresentar, junto ao balcão de atendimento, documentos essenciais, como identidade, CPF, carteira de trabalho e comprovante de Residência. No caso daquele candidato que já tenha feito algum curso profissionalizante, é importante que o mesmo seja apresentado.

“O atendente vai fazer a autenticação visual, lançando a informação no sistema, com a finalidade de enriquecer o currículo desse candidato. O Sine faz o currículo desse trabalhador e encaminha para a empresa, quando há enquadramento de perfil desejado”, frisou. (M.L)