Cotidiano

RR vai investir em algodão transgênico

Cinco produtores já começam a trabalhar o cultivo de dois mil hectares do algodão transgênico no Estado

Com a publicação da instrução normativa autorizando o cultivo do algodão transgênico (geneticamente modificado) em Roraima, alguns produtores de Roraima já se articulam para fazer o primeiro plantio do mais novo produto comercial para ser exportado. O produtor Afrânio Vebber, um dos pioneiros na nova cultura, afirmou que pelo menos cinco produtores já começam a trabalhar o cultivo de pelo menos dois mil hectares do algodão transgênico no Estado. O plantio pioneiro será numa região entre os municípios de Alto Alegre (Centro-Oeste), Boa Vista e Bonfim (Leste).

“Estávamos aguardando essa liberação pelo Governo Federal para começarmos a plantar o algodão geneticamente modificado no Estado e já estamos preparando uma área cultivada de dois mil hectares para a produção de algodão”, disse ao ressaltar que no ano passado houve um pequeno plantio do algodão que serviu de área de testes e, depois de aprovado no solo de Roraima, ganhou a liberação para produção em larga escala. “Como as chuvas já começaram e a liberação foi recente, a área inicial será de aproximadamente dois mil hectares, mas pode crescer para o próximo ano”.

Aliado ao cultivo do algodão, Afrânio Vebber ressaltou que a atividade vai favorecer o surgimento da indústria de tecelagem e fiação, além do aproveitamento e beneficiamento do caroço do algodão para a indústria de óleo e ração animal. “Tem um mercado promissor, tanto para o mercado interno quanto para exportação. Assim como a soja, existem os compradores futuros – aqueles que pagam pela produção ainda no campo -, bem como o caroço do algodão que pode ser industrializado no Estado na fabricação de ração animal ou ser exportado”, disse.        

O produtor destacou a projeção de crescimento do plantio para os próximos anos devido ao aproveitamento do solo cultivado consorciado com o milho e o feijão, além de a área da soja ser aproveitada na entressafra para o cultivo do algodão. Hoje o Estado tem aproximadamente 25 mil hectares de plantio de soja.

“É uma cultura para pequenos e grandes produtores, já que pode ser plantada consociada ao milho e ao feijão, como pode ser aproveitada na área do plantio da soja e assim ter uma rotação de cultura que agrega valores. Na agricultura familiar, pode ser aproveitada também como lavoura comunitária”, frisou.

PARCERIA – Para dar suporte para o pequeno produtor no cultivo do algodão, o Governo do Estado anunciou que estará fechando parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária (Embrapa) para desenvolver a produção na agricultura familiar e em comunidades indígenas.

Segundo informou o diretor de defesa, inspeção e classificação vegetal da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr ), Luiz Cláudio Estrela, o plantio do algodão transgênico tem mais uma vantagem. “Por ser um cultivo mais simples, ele tem resistência a pragas e pode ser cultivado de uma forma mais fácil pelos produtores, além de ser mais uma alternativa econômica para o Estado. O governo vai apoiar o cultivo para a agricultura familiar e as comunidades indígenas. Para o agronegócio, o governo vai dar os incentivos de isenção fiscal da Área de Livre Comércio para as empresas se implantarem no Estado e fazer o beneficiamento do algodão em fios e em tecidos, abrindo empregos e gerando renda para a população”, frisou.

Ele informou que o Governo Federal liberou o plantio de algodão geneticamente modificado em Roraima atendendo a uma reivindicação dos agricultores do Estado. A medida foi autorizada por meio de instrução normativa assinada pela então ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, com base em parecer da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio). A liberação sendo analisada pela ministra desde o ano passado. (R.R.)