Cotidiano

Ruas viram lixeira no bairro Hélio Campos

Moradores afirmam que montanhas de lixo atraem ratos e insetos, colocando as pessoas em risco

Moradores de bairros da zona Oeste reclamam da sujeira e da falta de coleta de entulhos e galhos. Inúmeras ruas estão tomadas por montes de lixo, o que coloca em risco a saúde da população. O bairro Senador Hélio Campos, o maior e mais populoso da Capital, na zona Oeste, está entre os mais sujos. Na rua S-23, por exemplo, os entulhos e montes de galhadas na frente das casas atrapalham até o tráfego.
“O pessoal da prefeitura passou no mês passado pelo bairro, mas não sei por que não limparam minha rua. A gente paga o mesmo imposto. O lixo atraiu ratos e insetos, e eu tenho um bocado de filhos ainda criança. Se adoecerem, não tem nem remédio nos postos de saúde”, reclamou Maria das Graças, doméstica de 48 anos.
A moradora disse à Folha que os próprios fiscais da Prefeitura passaram pela rua avisando que era para colocar os entulhos e galhos para fora, que a caçamba iria passar naquela semana. “Então, a gente podou as árvores e colocou todo lixo para fora, mas eles esqueceram da minha rua”, lamentou.
A rua N-17, ainda no bairro Senador Hélio Campos, o mesmo problema. “A prefeita disse que ia limpar a cidade, mas só limpou lá para o Centro. Meu filho já cortou o pé aí nesse monte”, apontou a moradora Elisvânia Rodrigues, cozinheira de 38 anos.
Na N-17, os montes de lixo na frente das casas também atrapalham o trânsito. Moradores informaram que o número de ratos e insetos aumentou. “Esses montes de lixo servem para proliferação de doenças. Tem garrafa, lata e outras vasilhas que servem como criadouro de mosquitos. A vizinhança quase toda já pegou dengue”, alertou.
Na rua N-25, que corta o bairro de uma ponta a outra, mais entulhos e galhadas. “A prefeita se preocupou apenas em maquiar o Centro da cidade, plantando flores e colocando pisca-pisca de Natal, mas e a gente?”, questionou outra moradora, que preferiu não se identificar.
PMBV – A Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Boa Vista (PMBV) informou que a Secretaria Municipal de Gestão Ambiental enviará hoje uma equipe às ruas citadas para verificar a procedência da informação.
Empresa já recebeu R$48 milhões em contratos para limpar a cidade
Em março do ano passado, a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (PMDB), abriu processo de licitação e contratou a empresa paulista Sanepav para fazer a coleta de lixo e a manutenção do aterro sanitário. O que chamou a atenção foi que, antes das propostas serem abertas, a firma já havia comprado 10 caminhões coletores de lixo. Ela foi a vencedora e faturou R$36 milhões em apenas um ano.
A mesma Sanepav já havia sido contratada em janeiro do mesmo ano pela Prefeitura de Boa Vista para limpar a cidade em caráter de urgência. O contrato de faxina, por seis meses, custou mais R$12 milhões. Não houve abertura de licitação.
EMPRESA – A Folha não conseguiu localizar, ontem à tarde, os representantes da empresa Sanepav em Boa Vista. (AJ)