Viver com apenas um salário mínimo é um desafio e a realidade de muitos brasileiros. Mas a partir de fevereiro, o trabalhador passará a receber R$ 1.045. Com este valor, será possível comprar, em Roraima, duas cestas básicas (R$ 434,76 cada) e ter como sobra R$ 175,48.
Para chegar ao valor deste “rancho do mês”, a Folha utilizou a lista de alimentos do Decreto Lei 399/38 que prevê como itens essenciais e suas respectivas quantidades mensais, sendo eles a carne (4,5 kg), leite (6L), feijão (4,5 kg), arroz (3,6 kg), farinha (3 kg), tomate (12 kg), pão francês (6 kg), café em pó (300 gr), açúcar (3 kg), óleo (750 gr) e manteiga (750 gr).
O levantamento foi realizado em supermercados de Boa Vista e na média alcançada foi considerado o valor de R$ 74,96 para a carne (utilizando o bife de patinho como o mais pedido nos açougues) e R$ 359,80 para o restante dos produtos. Alguns podem afirmar que este valor não está tão caro, mas apenas uma cesta básica representa quase 42% dentro do que passará a ser a remuneração mínima.
Apesar de ter ultrapassado a faixa dos mil reais pela primeira vez na história, essa quantia ainda não é suficiente para suprir todos os direitos previstos na Constituição Federal de 1988, defende o economista Vito Souza.
“O nosso salário mínimo é muito aquém, muito abaixo do que ele precisaria ser para a garantia de todos esses direitos. O enunciado da constituição, quando se refere à remuneração do trabalhador, prevê uma situação que hoje não é contemplada pelo salário mínimo. Ele precisaria, se possível, permitir a aquisição de vários outros itens que hoje ele não permite, além da subsistência”, disse.
O ponto levantado por Souza pode ser comprovado pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), solicitada pela Folha. Ela mostra que a média da despesa mensal de uma família no estado é de R$ 2.701,37, levando Roraima a ter o terceiro maior custo de vida do Norte, perdendo para o Acre (R$ 2.897,46) e Amapá (R$ 3.613,20). O levantamento do órgão considera onze tipos de gastos como alimentação, habitação, vestuário, transporte e lazer.
PESQUISA E CONTROLE – Com uma quantia limitada e muitas vezes única dentro de uma família, é preciso que seja feito um controle de gastos e pesquisa na hora de se realizar a compra mensal de alimentos e outros produtos essenciais, explica Souza
“O trabalhador conhece bem os próprios gastos, identifica as prioridades e ter um controle de onde está indo cada real que ele está gastando. A pesquisa de preço é algo sempre necessário. O valor da cesta básica é calculado por uma média, sempre uma referência. Então, isso não significa que o trabalhador pesquisando não consiga encontrar itens mais baratos e consiga, com esse dinheiro, os itens que vão estar nessa atual pesquisa de referência por um valor, às vezes, mais baixo”, finalizou.