Cotidiano

Salário mínimo passará a ser R$ 945 e não agrada roraimense

O baixo índice de reajuste cobre apenas a inflação do período, ou seja, não haverá aumento real do mínimo

O salário mínimo de cerca de 48 milhões de brasileiros vai subir dos atuais R$ 880 para R$ 945,80 a partir de janeiro de 2017, com pagamento no mês seguinte, fevereiro. O percentual de correção do salário mínimo foi de 7,47%. O baixo índice cobre apenas a inflação do período, ou seja, não haverá aumento real do mínimo.

Segundo cálculo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo necessário para suprir as despesas de uma família de quatro pessoas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência deveria ser de R$ 3.992,75.

Moradora do bairro Cauamé, zona Norte, a doméstica Camila Oliveira, de 18 anos, é mais uma brasileira insatisfeita com o reajuste do salário mínimo. “Engraçado é que a conta de energia [elétrica] aumenta 40% e o nosso salário apenas isso, 7%. Não dá para nada”, reclamou. A doméstica disse que gasta 40% do seu orçamento mensal com a alimentação, e o que sobra gasta com contas de água, luz e telefone. “Poderia aumentar pelo menos para mil reais”, alegou.

A também doméstica Sandra Moura, de 41 anos, moradora do Sílvio Botelho, zona Oeste, cobrou um mínimo de R$ 1.100. “O que ganho é para comer, mais de 50% do meu gasto mensal. O salário é pouco e não supre todas as minhas necessidades”, reclamou.

O economista Keler Souza observou que, na verdade, segundo ele, não houve aumento de salário, mas um repasse inflacionário, sem ganho real para o trabalhador. O mínimo, conforme Keler, há 15 anos vem perdendo poder de compra e que hoje, se houvesse recomposição, seria de R$ 3.690,00.

“O salário está estacionado desde o governo de Fernando Henrique. O que ocorreu agora foi apenas um repasse de resíduo inflacionário do ano de 2016. Portanto, o trabalhador não tem o que comemorar, pois o mínimo não dá para nada”, frisou o economista. (AJ)