Cotidiano

Seapa vai doar calcário a piscicultores

Com a forte seca que atinge os tanques de peixes, governo acredita que calcário ajudará a corrigir impurezas e melhorar a produção

O Governo do Estado vai distribuir 400 toneladas de calcário para os pequenos e médios piscicultores de Roraima como forma de amenizar o período de estiagem das chuvas, que ocasionou baixa da água nas barragens e tanques de criação de peixes.
Segundo afirmou o secretário estadual da Agricultura, Hiperion Oliveira, a distribuição começa na segunda quinzena de fevereiro e deve beneficiar aproximadamente 220 pequenos e médios piscicultores, o que representa 70% dos criadores de peixe com até três hectares de lamina d’água no Estado.
O calcário corrige algumas impurezas da água e melhora o desempenho da produção. Todo trabalho será feito sob acompanhamento técnico. “Os técnicos da Seapa [Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento] já estão orientando os produtores a fazer o lançamento do calcário na água e, havendo qualquer problema, o técnico irá acompanhar o trabalho”, disse Oliveira.
Ele explicou que neste primeiro momento os técnicos fizeram levantamento das regiões que estão sofrendo com a falta de chuvas e orientando os criadores, que já estão com os tanques abaixo da média, para retirar os peixes maiores e deixarem apenas os menores. As localidades mais atingidas estão nos municípios de Amajari, Alto Alegre, Boa Vista, Pacaraima, Uiramutã, Normandia, Cantá, Mucajai e Bonfim.
“As águas estão reduzindo bastante. A orientação é retirar os peixes maiores e colocá-los no mercado, deixando os peixes menores, que podem segurar por mais tempo, mesmo com pouca água”, frisou.
A distribuição do calcário será feita especificamente para os pequenos e médios criadores. Dependendo da situação, pode se estender para os grandes produtores através de parceria. “A distribuição é direcionada especificamente para os pequenos e médios produtores. Mas, dependendo da situação, podemos fazer uma parceria para que o grande produtor possa ser beneficiado e que não perca sua produção. Será apenas em caso de a crise aumentar e para aqueles produtores que não se prepararam. A distribuição será de apenas uma parte, e a outra, o produtor deve comprar”, frisou.
PLANO DE AÇÃO – Hipérion Oliveira informou que o levantamento que a Seapa fizer servirá para a elaboração de um plano de ação voltado principalmente para o pequeno produtor rural. “Os técnicos já estão visitando as regiões afetadas pela estiagem e estão levantando as informações para que possamos formular o plano de ação, adotando as medidas necessárias para amenizar a vida do agricultor rural no período da seca”, frisou.
Entre as ações emergenciais, ele informou que o Governo do Estado estuda a possibilidade de cavar cacimbas e poços artesianos nas regiões mais afetadas. Porém, os recursos financeiros para as ações só serão definidos na segunda quinzena de fevereiro, após a liberação orçamentária. (R.R)
Com estrutura adequada, maior criador de tambaqui do Brasil diz estar tranquilo  
O maior criador de tambaqui em cativeiro do Brasil, o roraimense Aniceto Wanderley, disse que está com a certeza de que irá atravessar o período de estiagem em Roraima sem maiores problemas. O produtor exporta mais de oito mil toneladas de peixe por ano só para o Amazonas.
Ele informou que as mais de 200 barragens foram projetadas para suportar situações extremas de seca e, aliado a uma boa matemática, supera as adversidades nas suas três propriedades nos municípios de Amajari (Norte do Estado), Cantá (Centro-Leste) e Mucajaí (Centro-Sul).   
“Na piscicultura, 70% é matemática. Como já previa que teríamos um inverno com poucas chuvas, aproveitamos a despescas e baixamos a água para uma rede de dez metros de altura que permite que se pesque com o tanque cheio. Isso baixa muito o impacto que sofremos pela estiagem e a consequente baixa do volume de água nas barragens”, disse.
Ele orienta os criadores que vêm sofrendo com a estiagem e a baixa de água nos tanques de criação para que analisem a problemática o quanto antes. “Se estão com pouca água, o ideal é ver a área útil, já que temos uma média de seis toneladas de peixe por hectare. Se a área está com pouca água, a solução é retirar esse peixe antes de o problema se agravar”, frisou.
Ele explicou que não sente muito o problema porque suas barragens foram construídas para uma encostar na outra, através de vasos comunicantes, e que funciona como uma única água desembocando para a barragem à sua frente. “Isso elimina muito a perda de água”, frisou.
Aniceto Wanderley ressaltou que a experiência no ramo lhe dá o conhecimento para uma preparação antecipada e destaca que os meses de janeiro, fevereiro e março são sempre de poucas chuvas. “Essa estiagem é natural. O problema desse ano é que o período de chuvas foi muito fraco. Isso deixou algumas barragens sem a quantidade de água necessária para manter a criação adequada e muitos criadores não se prepararam para enfrentar a situação”, frisou.
ABASTECIMENTO – Quanto ao fato de a estiagem prolongada prejudicar a criação e distribuição do pescado no Estado, Wanderley afirmou que toda sua produção é vendida para o Amazonas, mas, quando acontece desabastecimento no Estado, ele direciona a venda também para o mercado local.
“Só abasteço o mercado de Roraima quando os outros produtores, por algum motivo, não podem atendê-lo. Até porque minha escala é muito grande e se colocar minha produção no Estado, atrapalho os produtores locais e isso não é de interesse nosso”, frisou. (R.R)