Cotidiano

Seca faz aumentar preços dos produtos nas feiras da Capital

Produtos escassos por causa da estiagem tiveram o preço reajustado e, na falta, vendedores recorrem à importação

A forte estiagem que atinge Roraima, desde o final do ano passado, reflete drasticamente na produção rural em todo o Estado. Nas feiras da Capital, a quantidade de verduras e hortaliças têm sofrido reajuste médio de 10%, tudo porque a falta de água nas regiões produtoras tem comprometido o plantio de alguns produtos.
Segundo a vendedora da Feira do Produtor, Carmélia da Silva, as regiões produtoras têm sido castigadas pelo forte calor e a escassez de água. “A maioria dos produtos que vendemos aqui vem de Alto Alegre [município a Centro-Oeste] e da Vila Campos Novos [Município de Iracema, Centro-Sul] e todos os produtores relatam que estão com extrema dificuldade na produção. Para se ter uma ideia, em um lote de três áreas de um amigo nosso, também no Alto Alegre, já não se tem mais água para beber, quanto mais para irrigar a colheita. É uma situação preocupante”, narrou.
Ela disse que, para compensar a baixa produção, muitos feirantes estão sendo forçados a subir os preços dos produtos. “O tomate regional, por exemplo, estava sendo vendido a R$ 3,00 o quilo antes da estiagem. Agora, um quilo está em torno de R$ 8,00 a R$ 9,00. Ou seja, o preço final dobrou”, disse.
Para não deixar os fregueses na mão, a importação de itens está sendo a solução encontrada por feirantes. “Como muitos produtores estão tendo dificuldades para plantar, o jeito está sendo importar de outros estados. O tomate e o pimentão são de São Paulo e o preço também não está sendo tão compensador, visto que até por lá a crise hídrica também está afetando a produção. Antes, a gente comprava um saco de tomate com 100 unidades por R$15,00, hoje o preço está sendo praticado em dobro, a R$ 30”, afirmou.
Com a aproximação do período chuvoso, muitos vendedores esperam que a situação melhore, mas eles são categóricos em afirmar que as vendas ainda estão baixas. “A gente nunca viu uma situação como essa. Infelizmente, não se pode lutar contra o clima. Esperamos que a situação dê uma melhorada no próximo mês, porque as vendas ainda estão baixas”, frisou uma vendedora da Feira do Garimpeiro, na Avenida Ataíde Teive, zona Oeste.
Se produtores enfrentam dificuldades, os consumidores estão tendo que encarar o aumento de preços. Para a servidora pública Ana Soares, pesquisar está sendo a palavra de ordem. “Existe até um lado bom nessa história, pois força o consumidor a fazer mais pesquisa de preço. Mas a variação de preços está muito parecida, então não há muita diferença. No entanto, a gente acaba sempre encontrando algo mais em conta”, comentou.

Estado socorre áreas afetadas com distribuição de água em carro-pipa
Por conta do agravamento da estiagem, a Defesa Civil do Estado montou um esquema de socorro às áreas mais afetadas. Juntamente com a Secretária Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o órgão vem trabalhando na construção de poços e cacimbas para atender a produtoras rurais e comunidades indígenas.
No início desse mês, o Estado decretou situação de emergência nos municípios de Cantá, Mucajaí, Bonfim, Normandia e Caracaraí. Na época, a preocupação maior era por conta da grande quantidade de focos de calor. Recentemente, mais três municípios (Alto Alegre, Amajari e Iracema) também pediram socorro por conta da seca, relatando escassez de água em comunidades rurais. Comunidades indígenas do Uiramutã e Pacaraima também estão sofrendo os efeitos da estiagem, sendo atendidas por meio de carros-pipa.
CHUVA – Previsto para iniciar este mês, o período chuvoso deverá ser menos rigoroso que em anos anteriores. Conforme prognóstico do clima do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), as chuvas que cairão em Roraima não deverão ultrapassar os 120 milímetros. O estudo avalia previsões para os próximos três meses e, a situação de seca só deve melhorar a partir de maio. (M.L)