Cotidiano

Seed descarta seletivo para professores

Com decreto para contenção de despesa, governo irá chamar professores efetivos que estão fora de sala para suprir necessidade

Mesmo com a proximidade do início do período escolar, os tradicionais processos seletivos realizados para completar o quadro de professores que atuam no ensino estadual foram cancelados. A medida foi anunciada na sexta-feira, quando a governadora Suely Campos (PP) assinou o Decreto 18.278-E, que estabelece medidas de contenção no âmbito da Administração Direta e Indireta. Com isso, a realização de processos seletivos está suspensa por 180 dias.
Após o anúncio, um sentimento de insegurança se instalou entre professores, pais e até os estudantes, pois se tornaram constantes as denúncias ocasionadas por falta de professores nas escolas estaduais, tanto na Capital como no interior, no início de cada ano letivo. Adotada como solução imediata para resolver o problema antigo, o processo seletivo serviu para suprir a necessidade urgente.
Com o decreto, o retorno às aulas no próximo dia 27 será de dúvida com relação à quantidade de professores para suprir todas as disciplinas. Somente no ano passado, para atender a todas as escolas, o Governo do Estado ainda teve que contratar mais 2.566 professores temporários, que tiveram os contratos encerrados no dia 31. Existem escolas na capital onde cerca de 60% do quadro de professores era formado, no passado, por professores seletivados.
Para não prejudicar o início do período escolar, a Secretária de Educação Cultura e Desportos (Seed) anunciou que será feita a convocação dos professores do quadro efetivo estadual. “A maior parte dos professores efetivos já atuam em sala de aula. Aqueles que estão realizando outro tipo de atividade pedagógica deverão ser readequados para atender a esta necessidade”, diz a Seed, em nota.
Dentre os professores efetivos que serão chamados estão profissionais que já estão há muitos anos sem ministrar aula  e que devem retornar à atividade. Esses profissionais efetivos normalmente estão em cargos de direção nas próprias unidades de ensino ou em cargos de confiança na Secretaria de Educação.
Além dos efetivos concursados do Estado, o governo conta com cerca de 700 professores da União. Mas esse pessoal também poderá não mais oferecer sua mão de obra para o governo roraimense a partir de 2015, pois todos eles começaram a trabalhar entre 1985 e 1990, o que significa que, levando em conta que os professores precisam trabalhar por um período de 25 anos para se aposentar, este ano todos eles devem sair de sala de aula.
DÚVIDAS – O decreto, que tem validade até o final de junho, deve abranger os dois primeiros bimestres letivos. Conforme a autônoma Franciene Medeiros, mãe de três filhos em idade escolar, a atitude do governo trará problemas futuros para os estudantes.
“Só os alunos que saem prejudicados nessa história. Se no meio do ano eles vão ter que realizar um novo processo ou coisa do tipo, a troca de professores é muito complicada para o aluno. Porque o ritmo de didática é completamente diferente e, às vezes, o aluno se perde e tem complicações por conta disso, já que eles estavam acostumados com o outro professor”, disse Medeiros.
Outro problema destacado por ela foi a falta de uma solução definitiva para o problema. “Se eles [governo] sabem que será assim no começo do ano, por que não se programaram para realizar um concurso a fim de normalizar a situação? Isso é muito complicado, porque todos são afetados de uma forma ou de outra”, frisou. (JL)