Após determinação judicial, a segurança da entrada da reserva Waimiri-Atroari, por onde passa a rodovia BR 174, foi reforçada já a partir deste final de semana por policiais militares, federais e rodoviários federais.
O reforço na segurança foi determinado pelo juiz da 2ª Vara da Justiça Federal, Felipe Bouzada Flores Viana, que pediu providências para impedir atentados aos serviços de controle territorial no trecho que intercepta a Terra Indígena Waimiri-Atroari, incluindo a área dos postos de vigilância e das correntes.
O magistrado determinou que fossem enviados para a região servidores, policiais federais, policiais rodoviários federais e agentes militares, sob pena de multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento, e mandou notificar associações indígenas que residem na Terra Indígena Waimiri-Atroari “para que evitem a adoção de medidas mais enérgicas e, principalmente, para que não aumentem o período de bloqueio da BR-174.”
A ordem de enviar agentes de segurança para a terra indígena foi para “assegurar a manutenção da ordem e impedir a prática de novos atos de usurpação das competências da Justiça.”
Um dos policiais ouvidos pela Folha falou que o baixo efetivo da Polícia Militar prejudica uma atuação melhor. Ele criticou o ato do parlamentar e disse que a corda só arrebenta do lado mais fraco. O PM não quis ser identificado por receio de represália.
“Esse deputado não tem nada melhor pra fazer em prol do estado e vai tocar terror na vida de quem tá trabalhando tranquilo, longe da família, fazendo segurança dos fiscais da Aderr; digo mais: sem receber diária, pois ainda tem que pagar cota pra se manter aqui. Por que não vai brigar pela saúde, pela educação do estado? Não adiantou nada o que ele fez; foi só dar mais trabalho pra quem já está até o talo, porque os índios colocaram novamente as correntes. Agora, além de fazer a segurança dos fiscais da Aderr, a PM tem que ir apaziguar a situação entre caminhoneiros e índios, sendo que isso não é trabalho da Polícia Militar”
CRIMES – Dois homens que acompanhavam o deputado prenderam dois indígenas (um deles adolescente) na guarita de fiscalização e os deixaram trancados quando foram embora. A Associação das Comunidades Waimiri-Atroari informou que o deputado e seu grupo incorreram nos crimes de ameaça, sequestro e cárcere privado, violação de domicílio, roubo, dano, dano qualificado, incitação ao crime, coação no curso do processo, exercício arbitrário das próprias razões, além de causar ilícito civil de natureza material e moral. O Conselho Indígena de Roraima (CIR) também se manifestou contra o ato protagonizado pelo parlamentar. Disse que o comportamento incita e reforça o ódio, a discriminação e preconceito contra povos indígenas, “culpando-os como sendo entrave para o desenvolvimento do País”.
OUTRO LADO – A assessoria do parlamentar afirmou que o deputado Jeferson Alves (PTB) nega emprego de coação ou qualquer tipo de violência contra os indígenas Waimiri-Atroari, no último dia 28 de fevereiro, e se pronunciará sobre o caso, formalmente, pelas vias judiciais.
CORRENTE – Criada nos anos 70, pelo Exército, como forma de proteger motoristas de possíveis ataques dos índios, a prática se perpetuou e, com a conclusão do asfaltamento, na década de 90, o controle passou a ser feito pelos próprios indígenas, que fecham a rodovia por 11 horas, diariamente.