Cotidiano

Seis municípios de RR entram em ‘alerta amarelo’ devido às chuvas intensas

Diretor executivo de Proteção e Defesa Civil detalhou plano de contingência para cheias. Chuvas têm se intensificado devido ao fenômeno La Niña, segundo meteorologista

A Defesa Civil estadual emitiu um “alerta amarelo” para os municípios de Caracaraí, Caroebe, Iracema, Rorainópolis, São João da Baliza e São Luiz em virtude das chuvas intensas que elevam o nível dos rios de Roraima.

Segundo o diretor executivo de Proteção e Defesa Civil, coronel Cleudiomar Alves Ferreira, a notificação correspondente a “perigo potencial” é feita quando há registro de chuvas com preocupação menor, “porque dificilmente haverá áreas alagadas”.

Existem, também, outros dois estágios de alerta. O laranja, que indica “perigo”, equivale a quantidade de chuvas mais intensas, que colocam em risco moradores de áreas suscetíveis a alagamentos, por exemplo.

O alerta vermelho, o qual significa “grande perigo”, indica o risco mais elevado devido ao maior volume de tempestades e ventanias. A notificação pode acontecer nos próximos dias ou meses, caso as chuvas se intensifiquem ainda mais. “Esse sim pode afetar grandes áreas com alagamentos nas cidades”, explicou o coronel.

Em casos mais extremos, a população pode recorrer a números de emergência, como 199 (Defesa Civil) e 193 (Corpo de Bombeiros). Ademais, pode enviar um SMS com o CEP do local que deseja receber informações, para o número 40199, com o intuito de receber alertas de desastres.

Plano de contingência

O diretor executivo da Defesa Civil explicou que o órgão se prepara para enfrentar os impactos das cheias dos rios do Estado, como os alagamentos, por meio de um plano de contingência dividido em três fases: prevenção, resposta e reconstrução. Para isso, o coronel tem à disposição cerca de 500 bombeiros e 149 brigadistas preparados para as ações, em caso de necessidade.

“Se tiver que tirar alguém de área alagada, de área interditada por conta das chuvas, levaremos donativos, cestas básicas. Há o problema de comunidades indígenas e pequenos produtores rurais ficarem isolados, a exemplo do que ocorreu com a comunidade Tatajuba no inverno passado. Foram mais de 100 pessoas isoladas, várias comunidades indígenas afetadas e a gente tem que prestar apoio a essas pessoas”, pontuou.

“La Niña” impulsiona volume das chuvas

O “La Niña”, fenômeno caraterizado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico – cujas teorias científicas ainda não chegaram a um consenso sobre sua causa -, tem impulsionado um volume maior de chuvas em Roraima desde o final de 2021, segundo o meteorologista Ramon Alves, que destacou que isso aconteceu de forma prolongada pela última vez de 2010 a 2011. “A gente tem que ficar monitorando sempre a situação do La Niña, mas a tendência é a diminuição desse resfriamento”, pontuou Alves.

Rio Branco passa de cinco metros no início do período chuvoso

Nessa quarta-feira (4), o rio Branco, o principal de Roraima, chegou a 5,08 metros. A marca, para esta mesma data, é a segunda maior que a registrada nas últimas maiores cheias históricas, perdendo apenas para a de 1976, quando o curso d’água atingiu 6,60 metros. Veja abaixo:

Nível do rio Branco em 4 de maio:

1976 (6,60m)
2022 (5,08m)
2021 (4,55m)
2006 (3,05m)
1996 (3,04m)
2011 (2,32m)
2017 (1,54m)
2020 (1,07m)

“É motivo de preocupação, mas a gente está com do levantamento de que o fenômeno La Niña está perdendo força e vai perder força a partir de junho. Se as chuvas de maio e junho não forem nos mesmos níveis de 1976 e 2011, a preocupação ela é amenizada, mas a gente tem que contar com essa possibilidade. O inverno só está começando, tem possibilidade de se repetir uma situação semelhante a 2011. Mas realmente é só uma projeção”, declarou Cleudiomar Alves.

Ramon Alves, por sua vez, lembrou que a elevação do nível do rio já era notada em janeiro e que, em março, já passava dos cinco metros, mas a intensidade das chuvas diminuiu posteriormente. “A água recuou em abril e está subindo novamente. Normal que o nível do rio se eleve no período chuvoso. E a previsão de chuvas continua sendo um pouco acima do normal devido à influência do La Niña, que deu uma trégua, mas mesmo assim, exerce uma influência em nossa região”, explicou.

Do primeiro quadrimestre de 2022, os meses com maior volume de chuvas foram março e abril, respectivamente, com 177,8 e 159,1 milímetros. No ano passado, ainda sem influência do La Niña, os meses registraram 127,2 e 450 milímetros. Em 2020, também sem o fenômeno, choveu 2,4 e 154,2 milímetros. O levantamento do regime pluviométrico de Boa Vista foi feito pelo meteorologista, com base em informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).