O presidente do
Sindicato dos Profissionais em Enfermagem de Roraima (
Sindprer), Melquisedeque Menezes, encaminhou à reportagem da FolhaBV áudios feitos por profissionais de enfermagem que estão fazendo o atendimento à pacientes internados com covid-19 no Hospital Geral de Roraima (HGR).
Pelos áudios se percebe o desespero dos profissionais, que relataram ao presidente do Sindprer que somente na manhã deste domingo seis pacientes vieram a óbitos.
“Morreram três que estavam no setor RPC [ressuscitação cardiopulmonar], no Grande Trauma; dois na Área Vermelha 1; e um que estava no semi-intensivo”, relatou no áudio o profissional de enfermagem.
Segundo ele, na Área Vermelha 2 tem três técnicos de enfermagem para atender 14 pacientes. “Está complicado, porque não tem material. Não tem compressa para darmos banho em paciente, não tem lençol para trocarmos. Desses 14 pacientes, oito estão entubados e são pacientes que requerem cuidados intensivos, mas não se pode realizar esse atendimento na sua integralidade porque são poucos profissionais. Hoje não tem medicação, material de higienização, a vontade que tenho é de abandonar tudo, de sair correndo. Esse é meu sentimento hoje. Esquecer tudo isso aqui, é desumano, desumano”, contou o técnico de enfermagem.
“Os pacientes precisando de ajuda e a gente sem poder fazer nada, de mãos atadas, sem poder dar uma assistência de qualidade, uma assistência que realmente o paciente mereça, por falta de material, de material de higienização. Os únicos materiais que temos aqui são os familiares que trazem, só pra ter uma ideia nem fralda tem. Tem paciente que a gente quer higienizar, mas apesar de não ter material suficiente, chegou uma pequena quantidade que a gente está escolhendo quem vamos higienizar, e mesmo assim não tem fralda. A situação aqui é desesperadora, sentimento de impotência”, comentou o técnico em enfermagem.
O presidente do Sindprer informou á FolhaBV que a situação no HGR é muito séria. “Lamentavelmente as pessoas estão morrendo, por falta de materiais, de equipamentos. Nossos profissionais não sabem o que fazer para dar uma assistência de qualidade à esses pacientes. Nossos profissionais estão abalados emocionalmente devido a essa situação. É desesperador”, ressaltou Melquisedeque Menezes.
OUTRO LADO – A
Sesau (Secretaria de Saúde), por meio de nota, ressaltou que essas informações são improcedentes. Profissionais de saúde que trabalhavam na unidade Canarinho foram remanejados para o HGR (Hospital Geral de Roraima) justamente para reforçar o atendimento e não está faltando material.
Inclusive as equipes da Farmácia, que estão de sobreaviso, foram acionadas três vezes neste domingo, 23, para repor material no HGR e garantir que a unidade permaneça abastecida.
Em relação aos dados sobre a COVID-19, os óbitos do dia serão incluídos no SIM (Sistema de Informação de Mortalidade) e serão atualizados no Boletim Epidemiológico.