Cotidiano

Seis presos estão jurados de morte na Penitenciária de Monte Cristo

Agentes penitenciários disseram que novos ataques entre grupos de facções podem ocorrer nos próximos dias na Penitenciária Agrícola

A guerra entre facções criminosas no maior presídio de Roraima, a Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc), localizada na zona rural da Capital, parece estar apenas no começo. A Folha foi até aquela unidade prisional, na tarde de ontem, onde agentes penitenciários revelaram que pelo menos seis presos estão no “corredor da morte” dentro do presídio.
Segundo eles, os detentos jurados de morte pertencem à facção Família do Norte (FDN), grupo que atua nos presídios de Manaus, no Amazonas. “Esses seis [presos] devem ser os próximos. As outras facções querem matar todos que são da Família do Norte para comandarem sozinhas”, afirmou um carcerário.
As outras facções citados pelo agente são o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), ambas chefiadas por traficantes de São Paulo e do Rio de Janeiro, respectivamente, e que atuam em quase todos os presídios do país.
Conforme os agentes, a situação de dentro da Penitenciária ficou insustentável após a morte dos detentos Fábio Carlos Rabelo Santos, vulgo “Toró”, e Jaciel Mineiro, na ala 09 do presídio, ocorrida há duas semanas. Para eles, os novos ataques devem ocorrer nos próximos dias. “Com certeza vão vir mais mortes. Não há controle e eles [detentos] mandam lá dentro”, disseram.
Ainda conforme os carcerários, o primeiro da fila para ser assassinado no presídio é Jairo Júlio de Moraes, vulgo “Cowboy”. Criminoso de alta periculosidade, ele é acusado de 13 assassinatos e era chefe de ala na Penitenciária. Jurado de morte, o criminoso estava separado dos outros detentos em uma cela especial atrás da carceragem do presídio.
Os agentes penitenciários contaram ainda que já não sabem mais quem são os líderes das facções que comandam a Pamc. “Antigamente, a gente sabia quem eram, sabíamos os nomes e todo o esquema, mas hoje não dá mais para saber”, frisaram.
GOVERNO – Em nota, a Secretaria de Comunicação do Governo de Roraima informou que está adotando as medidas necessárias para resguardar a integridade física de reeducandos que correm declarado risco de morte no sistema prisional. “Aqueles que sofreram ameaças estão sendo mantidos em cela isolada, de onde saem apenas para o banho de sol, sempre sob vigilância dos agentes penitenciários. Além do isolamento do reeducando, a secretaria está adotando outras providências que são mantidas sob sigilo por questões de segurança”, afirmou.
A Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) disse que mantém a posição de que não reconhece a existência de facções criminosas nas suas unidades, por entender que a promoção da existência dos grupos por parte de qualquer autoridade estadual só estará contribuindo para o fortalecimento delas. Reiterou ainda, que busca sempre o tratamento isonômico aos reeducandos, conforme preconizado na Lei de Execuções Penais (LEP).  (L.G.C)