Os alunos da Escola Estadual de Tempo Integral José de Alencar, no município de Rorainópolis, região Sul do estado, procuraram a redação da Folha para denunciar que a situação da unidade escolar é ‘caótica’. Segundo eles, além da ausência de almoço, carteiras quebradas e atraso do ano letivo, eles são obrigados a levar material de limpeza de casa para a escola.
“Há cerca de três meses, as aulas no turno da manhã são pausadas para que os estudantes cumpram a escala de limpeza elaborada por eles. A direção da escola faz o que pode e não nos obriga a limpar, inclusive já solicitou para a gente não fazer mais este procedimento, mas o que vamos fazer se não tem zelador nem material higiênico? Não podemos estudar na sujeira”, disse um aluno do 3º ano, que preferiu não ter o nome divulgado.
“É muito triste. Estudamos o dia inteiro, o que já é cansativo. Quando chegamos na escola temos que limpar a sala pra ter pelo menos um ambiente limpo”, lamentou o jovem.
Muitas cadeiras estão quebradas, então temos que apoiar o caderno no colo ou nas mochilas. Todas elas são de madeira. Muitos alunos reclamam de dor de coluna, já que não são adequadas para o ensino integral”, contou uma aluna que preferiu não se identificar.
ALMOÇO – Sair às cinco da manhã e retornar para casa às 21h é a rotina de muitos alunos que moram nas vicinais do município. Porém, nas últimas três semanas, alguns deles que possuem origem humilde vão à escola somente pela parte da tarde, por conta da ausência de almoço.
“Quem pode, compra. Quem não pode, não vem de manhã, senão fica com fome. A merenda é bem fraquinha e não tem almoço. Aqui a gente dá graças a Deus quando tem lanche às 9h10. É geralmente um saquinho de iogurte com cinco biscoitos cream cracker, outras vezes é um mingau de mungunzá ou suco com biscoito. A nossa realidade é bem diferente de alunos de capital. Alguns saem de madrugada, e retornam à noite. Beber apenas um saquinho de iogurte com cinco biscoitos é desumano”, reclamou uma servidora da escola.
ATRASO – Diante de todos os problemas enfrentados e atrasos no início do período letivo, outra aluna relatou à reportagem que está preocupada com seu futuro.
“Nós, alunos, estamos sendo prejudicados de muitas maneiras nesse ano, principalmente os do último ano. Temos vestibular para fazer e quem passar não sabe como vai ficar a situação, já que as aulas vão até março de 2020. A maioria dos colégios em Boa Vista já está entrando no quarto bimestre. Enquanto isso, estamos terminando o segundo”, explicou ela.
OUTRO LADO – A Folha procurou a gestora da Escola Estadual de Tempo Integral José de Alencar que preferiu não comentar o assunto, mas negou que os alunos comprassem produtos de higienização para a escola e afirmou que a limpeza é feita por eles de forma espontânea.
A Secretaria de Educação e Desporto (Seed) também foi procurada pela reportagem, para que desse um posicionamento sobre os problemas apresentados e se há alguma previsão para solucioná-los. Informou que um caminhão saiu de Boa Vista para realizar a entrega da merenda escolar para unidade. Em relação aos materiais de limpeza, foram entregues na escola. Sobre a limpeza a Secretaria esclareceu que serão contratados novos servidores para realização do serviço de limpeza da instituição de ensino.