Cotidiano

Sem Guarda Municipal, lojistas contratam vigias particulares

Há dois meses comerciantes que trabalham no Terminal Urbano José Campanha Wanderley, no Centro de Boa Vista, pagam seguranças particulares para vigiar as lojas no período noturno, evitando arrombamentos e a presença de usuários de drogas que rondam as proximidades.

Os lojistas tiram dinheiro do próprio bolso porque, segundo eles, não há guardas municipais no local. Antes, conforme os denunciantes, havia um ponto específico onde guardas municipais ficavam, na parte superior do Terminal, no espaço destinado aos táxis.

A funcionária de uma lanchonete, Carla Rafaella, reforçou que a iniciativa privada garante a segurança dos comércios. “Eles foram transferidos do Terminal para a Orla Taumanan. Com isso, o Terminal ficou todo desprotegido. Nos primeiros dias foi terrível, muitas lojas foram furtadas e arrombadas durante a noite. Hoje, o que garante nossa segurança são vigias particulares. Aqui sempre houve uma certa insegurança, risco de furto, mas ao final da tarde e início da noite, o clima vai piorando, e os riscos aumentam”, contou.

A comerciante Maria Moreira falou em um tom mais crítico, destacando a ignorância da esfera pública perante o problema e mencionando que a segurança pública deve ser um direito. “Já falamos para uma emissora de TV sobre o problema, e a Prefeitura disse que estava tudo mil maravilhas. Isso é mentira! Segurança pública virou uma mercadoria, quando deveria ser direito. Todos nós pagamos dois seguranças, com cada um dando sua contribuição, para evitar que nossos comércios sejam atacados durante a noite. Não vejo um guarda municipal por aqui, e muito menos uma ronda da Polícia Militar. Se eles passam aqui, não estavam impedindo esses atos que ocorriam antes de pagarmos para estarmos protegidos”, afirmou.

O estagiário Gabriel Valério contou que evita sair do trabalho depois das 18h, para não se deparar com a presença mais constante de usuários de drogas nos arredores do Terminal. “Quando mais tarde venho para o terminal, mais perigoso fica. Já teve dias que, por causa de muitos afazeres, saí umas 20h do meu trabalho. Daí, quando venho para cá, vejo que os usuários de drogas do Beiral ficam mais à vontade para vir mais próximo do terminal. Alguns até fumam perto de onde os ônibus param. Já teve uma vez que olhei para um desses usuários, ele olhou de volta para mim e quis arranjar briga. A sorte é que o ônibus chegou e pude ir embora logo”, relatou.

A copeira Creuza Soares disse que não há muito que fazer para evitar assaltos. “Eu evito até mesmo olhar para o Beiral quando estou esperando o ônibus, pois vai que alguém me olha atravessado, né? Eu já fui assaltada uma vez e carrego comigo o momento como uma forma de prevenção. Desde então, eu costumo sempre olhar de forma rápida para o meu celular, para não me distrair a minha atenção. De resto, só Deus ajuda”, frisou.

OUTRO LADO – A Folha entrou em contato com a Prefeitura de Boa Vista, que não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta matéria. Já a Polícia Militar respondeu, por meio de nota, que mesmo com a segurança do Terminal sendo de responsabilidade municipal faz patrulhamentos diuturnamente nos bairros Centro e Caetano Filho, conhecido como ‘Beiral’.

“Por se tratar de região de comércio, a Polícia Militar realiza a operação ‘Corredor Comercial’ diariamente da 8h às 19 horas, que tem por finalidade de coibir crimes na região. A área conta ainda com monitoramento dos alunos sargentos, com viaturas do ‘Protege Roraima’ que fazem rondas tanto na área do terminal de ônibus, como da orla. As ações são feitas de forma ininterrupta tanto pela manhã, quanto à tarde, principalmente nos horários de maior fluxo de pessoas”, reforçou. (P.B)