Cotidiano

Sem laboratório de anemia, criadores de equinos amargam prejuízos 

Cada criador gasta em média 150 mil reais a cada 60 dias para examinar rebanho. Aderr informou que Lasan está em reforma 

Criadores de equinos no Estado procuraram a Folha para falar que estão contabilizando prejuízos depois que houve o descredenciamento do Lasan (Laboratório de Sanidade Animal do Estado), há seis anos. O Lasan era mantido pela Aderr (Agência de Defesa Agropecuária de Roraima) e responsável por prestar serviços de sanidade animal para os pecuaristas de Roraima. 

Sem esse serviço, os criadores de equinos, em especial, reclamam que para fazer os exames têm que enviar as amostras de sangue dos animais para o Pará, São Paulo ou Minas Gerais, o que custa em média R$ 150 por amostra de animal e dura cerca de 15 dias para se ter respostas. O Lasan cobrava R$ 30 por amostra analisada. 

Criadora de equinos, asininos e muares (cavalos, jumentos, burros e mulas) há mais de 15 anos em Roraima, a engenheira agrônoma Patrícia Orrara disse à Folha que o setor tem crescido no estado e o laboratório que foi descredenciado pela Secretaria Federal de Agricultura (SFA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) faz falta.

“Isso acarreta prejuízo econômico para os criadores e para o Estado e Roraima, já que temos muitos criadores de equinos e asininos no Estado e, para poder transportar de uma propriedade para outra ou para comercializar para outros estados, precisamos do exame de anemia para emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA), sem isso não conseguimos nem sair com animal da propriedade”, disse. “Ninguém compra animal sem exame e nem tem como transportar esse animal sem a GTA”, afirmou. 

“Com cada exame a R$ 150, pesa para quem comercializa. Para fazer um controle que vai durar apenas 60 dias na minha fazenda se gasta R$ 150 mil e para vender um cavalo é entre mil e dois mil reais, isso deixa a comercialização sem viabilidade financeira”, afirmou. 

“Já procuramos a SFA para saber o porquê de o laboratório ter sido descredenciado e se há previsão de voltar a funcionar no Estado, mas eles não dão resposta convincente”, disse. 

O exame dura no máximo 60 dias, depois tem que tirar outro, informou a criadora que tem aproximadamente 700 cabeças de cavalos, jumentos, burros e mulas numa fazenda na região de Normandia.

“Vendemos para todo Brasil, mas as maiores procuras são para fazendeiros de Minas Gerais e São Paulo, principalmente as fêmeas para fazer barriga de aluguel”, informou.

Patrícia destacou a procura por éguas Pampas, encontradas em grandes rebanhos em Roraima e muito aceitas por fazendeiros de outros estados para fazer barriga de aluguel. 

“É um animal malhado, exótico, que tem grande rebanho em Roraima e é atípico no restante do Brasil”, disse.  

Ela citou ainda prejuízos para outras entidades que lidam com transporte e comercialização de animais, entre elas a Associação de Vaqueiros de Roraima (AVR) e o próprio Jóquei Clube de Roraima. “Eles trabalham com esportes de rodeio, de laço, vaquejada, de tambores e têm que apresentar esse exame para transportar os animais para os eventos e sem o laboratório no Estado, dificulta e custa muito caro”, afirmou. (R.R)

Laboratório está em reforma, diz Aderr 

A Folha procurou a Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr) sobre os questionamentos dos criadores em relação ao fechamento do laboratório de anemia infecciosa no Estado. Em nota, a Aderr informou que o Lasan (Laboratório de Sanidade Animal do Estado), responsável por prestar serviços de sanidade animal para os pecuaristas de Roraima, está em processo de reforma da estrutura física, conforme exigências do MAPA (Ministério da Agricultura)

Disse ainda que já foram adquiridos todos os equipamentos necessários para realização dos laudos laboratoriais, porém não há data definida para reabertura.

“Vale ressaltar que exames de brucelose e tuberculose continuam sendo feitos, mas o de anemia infecciosa equina está suspenso. Depois de concluídos os trabalhos de adequação física, o Lasan precisa ser recredenciado pelo Ministério da Agricultura para voltar a funcionar”, finaliza a nota.

MAPA – À Folha, o superintendente regional da Secretaria Federal de Agricultura (SFA), Plácido Alves, informou que a SFA aguarda o pedido da Aderr para obter o recredenciamento do Lasan.

“Estamos aguardando o pedido da Aderr para que possamos analisar se o pedido atende à normativa e que seja feita auditoria pelos nossos técnicos no laboratório para estar credenciando o mais breve possível”, afirmou. (R.R)