Os problemas no trânsito de Boa Vista estão ficando cada vez mais evidentes. Em horários de pico, é fácil se deparar com congestionamentos nas principais avenidas da cidade, como Major Williams, Jaime Brasil, Glaycon de Paiva, Ataíde Teive, Princesa Isabel, Mário Homem de Melo, Ville Roy, entre outras.
Em um cenário como esse, duas medidas podem ser adotadas para a melhoria do tráfego de veículos, não apenas durante sua circulação, mas também na disponibilidade de vagas para estacionar: a onda verde e a zona azul.
Onda verde pode ser expandida em Boa Vista
A ‘onda verde’ consiste em uma sequência de semáforos de uma avenida, em que se o motorista obedecer determinada velocidade vai encontrar todos eles abertos. Metrópoles brasileiras como São Paulo, Campo Grande e Rio de Janeiro já contam com esse tipo de sistema. De acordo com a Secretaria Municipal de Segurança e Trânsito (SMST), o sistema já está em funcionamento na Avenida Carlos Pereira de Melo.
Segundo o engenheiro civil especializado em trânsito do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Roraima (CREA-RR), Marcos Duarte, Boa Vista possui capacidade para expandir o sistema. Entretanto, ainda é preciso estudos e aprimoramentos na colocação de cada sinal. “Para criar a onda verde, é preciso prestar atenção a certos detalhes. Por exemplo, retornos precisam ser retirados, uma vez que eles quebrariam o fluxo dos dois sentidos de uma avenida, já que os carros vêm em velocidade constante”, citou.
O engenheiro civil também destacou que o espaço entre os sinais é um fator fundamental para que o fluxo provocado pela ‘onda verde’ funcione, uma vez que, caso a distância entre eles seja muito grande, a aplicação do sistema pode se tornar improvável.
“Em Boa Vista, a Major Williams, em seu percurso até a Terêncio Lima, é a avenida que considero como a mais preparada para a onda verde. Nesse trajeto, existem seis sinais, com uma distância de aproximadamente 200 a 250 metros entre cada um. É o espaço ideal para realizar esse cálculo de sinais. Em avenidas como Ataíde Teive, esse projeto já não seria tão promissor, pois a distância entre sinais chega até 500 metros. Não tem como fazer cálculos que funcionem dessa distância”, explicou.
O taxista de lotação Wadson Alves concorda com a ideia e afirma que motoristas de Boa Vista estão precisando de um incentivo que vá além das multas por pardais para que haja a conscientização no trânsito. “A velocidade é um problema para nós, que muitas vezes precisamos nos apressar para tentar manter a circulação de clientes constante e evitar horários de pico. Mas, com esse projeto, seria um estímulo para toda classe manter a velocidade”, relatou.
Em nota, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Trânsito afirmou que tem capacidade técnica para a implementação e expansão do sistema ‘onda verde’ em Boa Vista e reforçou que está fazendo estudo de novos locais. “Com informações como tráfego, tipo da via, quantidade e sequência de semáforos que existem em determinado trecho, é possível avaliar em quais ruas a ‘onda verde’ é pertinente e traçar planos semafóricos que permitam a criação desse efeito”, relatou.
Zona azul é um mal necessário e pode favorecer comércio
Já a ‘zona azul’ é o espaço com vagas para estacionamento, que é cobrado pela Prefeitura de Boa Vista. Esse sistema foi implantado na gestão do ex-prefeito Iradilson Sampaio, mas foi cancelado após Teresa Surita assumir a administração municipal.
Ainda de acordo com o engenheiro civil especializado em trânsito do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Roraima (CREA-RR), Marcos Duarte, a aplicação da ‘zona azul’ é uma espécie de mal necessário. “Essa medida soa um tanto impopular devido ao custo do estacionamento para a população. Mas toda cidade precisa aplicar esse tipo de coisa uma hora ou outra. Na Jaime Brasil mesmo, muitos carros acabam enfrentando sérios problemas ao procurar por estacionamento. O que isso resulta? As pessoas acabam preferindo ir ao shopping”, comentou.
“Se por lá houvesse a implantação de estacionamentos pagos, o condutor seria incentivado a ser eficiente e veículos de funcionários teriam que ser estacionados em outro locais, dando espaço para consumidores, se não quiserem arcar com o pagamento de horas na vaga”, explicou.
Sobre a implantação do projeto ano atrás, Marcos Duarte avaliou que o erro foi cobrar dinheiro em espécie dos clientes. “O problema da implantação da zona azul é que os valores arrecadados eram em dinheiro em espécie, o que acaba não sendo confiável. Para a implantação disso funcionar, a arrecadação precisa ser eletrônica”, reforçou.
O taxista de firma Renanberg Boaventura avaliou que o retorno da zona azul seria insistir em um projeto que já não deu certo. “Já é difícil arranjar lugar para estacionar e agora vai vir cobrança de novo? Quando o Iradilson implantou isso, todo mundo reclamou. Tanto que foi retirado. É complicado, pois foi um negócio que veio e não teve retorno para a estrutura do trânsito. Ainda estamos com vários problemas daquela época”, lembrou.
Sobre a zona azul, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Trânsito (SMST) informou que está em processo final de licitação para a contratação da empresa especializada para operar dentro dos critérios estabelecidos em lei e de acordo com a necessidade do município. “Após os trâmites licitatórios, poderá ser dado início ao processo de implantação do estacionamento rotativo.”, concluiu. (P.B)