Um funcionário público de 30 anos procurou a FolhaWeb nesta terça-feira, 23, para denunciar suposta omissão por parte da equipe de atendimento do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazereth (HMINSN). A falta de exames mais detalhados, segundo ele, teria resultado na morte do bebê que sua esposa aguardava.
À reportagem, Daniel Barroso informou que a esposa estava no seu sétimo mês de gestação. No dia 13, a estudante de apenas 20 anos teria tido uma elevação de pressão e que por conta disso o médico que fez o primeiro atendimento recomendou que ela fosse encaminhada para Boa Vista.
“Quando ela começou a passar mal, procuramos o hospital de Bonfim por volta das 16h, o médico verificou que a pressão dela estava muito elevada e que não tinha como controlar, porque não tinha remédio. A única solução foi encaminhar para Boa Vista, houve mais um problema nesse intervalo de tempo porque o Samu não quis fazer o transporte dela, e tivemos que conseguir outro veículo para trazê-la até a maternidade”, relatou.
Ao dar entrada na unidade na madrugada de domingo, dia 14, a esposa do funcionário público foi levada para um leito no Bloco das Orquídeas. Até então, a pressão da paciente estava sob, mas tudo teria mudado quando a estudante foi transferida para o Bloco dos Girassóis.
“No Bloco das Orquídeas, o sistema lá é bem rígido, onde quase não é permitida a realização de visitas, no entanto, ela tava sendo bem acompanhada. Depois a transferiram para o ‘Girassóis’ e lá os enfermeiros e os técnicos demoravam pra fazer o acompanhamento, diferente do outro bloco, onde a assistência ocorria de meia e meia hora. Teve um enfermeiro que disse as pacientes que só falem aí quem estiver sentindo alguma coisa. Você acha que isso é uma coisa que se diga para uma gestante?”, comentou.
Barroso relatou durante o período de 10 dias de internação da esposa, vários exames foram realizados e os resultados sempre atestaram para a normalidade do quadro de saúde de seu filho. Porém, a triste notícia veio na manhã de ontem, 22, durante mais um atendimento a paciente.
“Minha esposa não sentia nada, ou seja, ela acreditava que estava tudo bem. Quando foi ontem, 22, eu vim trocar de acompanhante com a minha mãe, isso era por volta de 8h30, e perguntei da minha esposa se eles [médicos] haviam conseguido escutar alguma coisa [batimentos do coração do bebê], já que eles faziam esse procedimento sempre às 5h, e não tinham escutado. Quando foi umas 10h, a médica chamou ela para uma sala, eu fiquei aguardando do lado de fora, e quando ela saiu já veio chorando, dizendo que o bebê havia morrido”, disse.
Em razão do falecimento do feto, a equipe médica iniciou de imediato os processos de indução ao parto da paciente. O problema é que já passou 24h desde a aplicação dos medicamentos e nenhum procedimento de retirada foi feito até o momento.
“É uma situação difícil. A gente não sabe se chora ou se desespera, e querendo ou não a gente [casal] comprou o enxoval dele, todo mundo esperando [o nascimento dele]. É muito difícil estar hoje nesse hospital e encarar uma situação dessas”, desabafou o servidor público.
Governo do Estado –
A Sesau, por meio da Direção do Hospital Materno Infantil(Maternidade Nossa Senhora de Nazaré), esclarece o quadro da paciente Kerlsea Ana Santana.Paciente grávida, primeira gravidez; procurou a Unidade ficou internada por uma síndrome hipertensiva;(pré aclampsia); recebeu o tratamento indicado para estes casos(anti-hipertensivos hidralazina, nifedipino e metildopa).
Feto vivo no momento da admissão evolui para óbito fetal por complicações da hipertensão; como é evidenciado na ecografia realizada, que mostra uma placenta “envelhecida”(grau II), para idade gestacional de 24 semanas e cinco dias.
No momento está sendo induzido o parto, alternativa terapêutica indicada para estes casos!
Paciente estável, recebendo o protocolo para expulsão do feto em óbitos, com todos os cuidados necessários para o quadro clínico.