Cotidiano

Servidores continuam sem salários

Há quase quatro meses, servidores da CERR estão sem salários; Recursos da intervenção não deverão ser usados para regularizar pagamento

Os 500 servidores da Companhia Energética de Roraima (CERR) já estão há mais de 100 dias sem receber salário. Mesmo assim, não será a intervenção federal que salvará os funcionários.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de Roraima (Stiurr), Gissélio Cunha, explicou que o dinheiro que poderia salvar os servidores traça um caminho bem mais complexo que o da intervenção federal, com a utilização de outro recuso, fruto de anos de prestação de serviço público da empresa, no valor de R$ 3,97 milhões.

“Há um recurso, fruto de subsídios da própria companhia em seus anos de serviço, que foi mandado pela União, quando houve disponibilidade, na semana passada. Esse recurso foi solicitado, pois já fazia meses que o Governo do Estado não realizava repasses para a CERR, devido à crise financeira. Quando o recurso chegou, ele não foi direto para o órgão, devido à inadimplência com fornecedores, e a recusa da CERR ao oferecer à Boa Vista Energia a sua ficha financeira para que a Eletrobras faça o pagamento direto. Por isso, o recurso está na Justiça, sendo julgado para que haja mediação de que a companhia pegue o dinheiro para aplicar exclusivamente ao pagamento de servidores”, explicou.

Gissélio também destacou que a companhia vem sofrendo com diversos tipos de atrasos em pagamentos e falta de repasses para o sindicato desde que houve a perda de concessão do órgão. “A CERR está em uma situação completamente atípica de qualquer órgão que eu já tenha visto. Ela continuou funcionando, apesar de ter perdido concessão em janeiro de 2017, e os funcionários não sabem o que fazer por lá, pois não há mais nada a ser feito. Além disso, somente 30% dos funcionários, o que representa cerca de 150 servidores, são efetivados. O restante é todo comissionado”, afirmou.

O presidente do Stiurr também frisou que, apesar da complexidade de toda a história por trás do salário dos servidores da CERR, o sofrimento de quem está sem receber ainda é simples de entender.

“Eu recebo ligações o tempo todo de pessoas que estão desesperadas por causa da dificuldade de sustento que muitos estão tendo. Isso foi reforçado ainda mais com a situação da falta de pagamento dos servidores estaduais em geral. Já tiveram filiados que vieram aqui resolver algo e não tinham dinheiro para voltar para casa. Além disso, a própria Companhia deixou de realizar repasses ao sindicato há muito tempo”, contou. (P.B)