Cotidiano

Servidores da Cerr paralisam por 24 horas

Além de reajuste salarial, categoria exige que empresa energética do Estado faça o pagamento até o 5° dia útil do mês

Os servidores da Companhia Energética de Roraima (Cerr) realizaram ontem uma paralisação de advertência por 24 horas para chamar atenção do poder público quanto a diversas reivindicações da categoria, como reajustes salariais de acordo com as perdas inflacionárias. Até o momento, o pagamento dos funcionários, que deveria ter ocorrido até o 5° dia útil do mês, ainda não foi efetuado e o atraso, segundo eles, vem ocorrendo mensalmente.

A concentração aconteceu na Praça do Centro Cívico, em frente à Assembleia Legislativa de Roraima (Alerr), onde os servidores expuseram cartazes, disseram palavras de ordem e realizaram as exigências. Além de aumento no salário e pagamento em dia, eles pedem reajuste também no valor do vale alimentação, além do pagamento de horas extras. “Há servidores que trabalham acima da carga horária e não estão recebendo por isso”, afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de Roraima (Stiurr), Antônio de Freitas Sampaio.

Segundo ele, a paralisação possui indicativo de greve indeterminada caso a Cerr não se posicione para uma negociação. A categoria reivindica também a repactuação do acordo coletivo para que os direitos e benefícios sejam definidos de maneira mais criteriosa, contemplando as necessidades dos funcionários. “O acordo coletivo não acontece há três anos”, disse, ao afirmar que as perdas salariais é uma realidade diante dos reajustes abaixo da inflação que a categoria vem recebendo nos últimos anos.

Sampaio disse que até então não foi repassada a correção para os salários deste ano, que segundo ele tem que ser em torno de 10%, para se aproximar ao índice de inflação de 2015, que fechou em 10,67%. “Nos anos anteriores, os reajuste sempre foram aproximados a 5%, o que não repõe a desvalorização, uma vez que antes do ano passado, a inflação se fixava acima dos 6%. Então é uma perda considerável”, disse o presidente.

Com relação às perdas inflacionárias no salário, o diretor financeiro do Stiurr, João do Povo, disse que para repor a defasagem acumulada durante os anos, o necessário seria um reajuste de aproximadamente 20%.

Ele afirmou que a Cerr não realiza investimentos necessários e importantes para ampliar a arrecadação e assim valorizar os servidores e cumprir com os direitos da categoria, incluindo o pagamento de horas extras. “A Companhia não investe na extensão da rede elétrica para alcançar diversos bairros dos municípios do Interior do Estado, com a instalação de medidores que indiquem o consumido dos moradores e, consequentemente, faça com que os rendimentos aumentem”, considerou João do Povo, ao informar que esta é uma situação que faz com que muitos moradores e até empresas utilizem fiações elétricas improvisadas, conhecidas popularmente como “gatos”.

Outra medida apontada por ele para que a Cerr equilibre as contas e possa efetuar o pagamento dos servidores em dia, é a extinção de muitos cargos comissionados, que segundo ele, são desnecessários. “Não somos contra cargos comissionados. Só que muitos deles não precisam existir e a maioria desses comissionados recebe salários mais altos que os profissionais efetivos da Companhia, que realmente desempenham funções importantes e necessárias”, comentou João do Povo, ao dizer que a categoria espera ser chamada pelo poder público para negociar. “Não está havendo atenção quanto às nossas reivindicações”, frisou.

O diretor administrativo do Stiurr, Luiz Laranjeira, afirmou que a companhia não cumpre as resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e não presta contas com a União. “Por isso, a Cerr perdeu a participação de recursos federais para custear 80% do combustível utilizado nas termelétricas”, garantiu. “O Governo não está valorizando os servidores e nos seus discursos sempre diz que o setor energético é prioridade”, lamentou Laranjeira.

CERR – Por meio de nota, a Companhia Energética de Roraima informou que está aberta para o diálogo com os trabalhadores. Lembrou que o País enfrenta uma grave crise econômica, que também afetou a empresa, a qual tem se esforçado para honrar os compromissos de pagar os servidores em dia. “No entanto, depende do repasse do Fundo de Participação dos Estados (FPE) depositado em conta a cada dia 10. O auxílio-alimentação deste mês de julho já foi pago”, informou.

Ainda de acordo com a nota, a Cerr está realizando estudo de impacto financeiro para conceder o reajuste salarial aos servidores e também uma forma de efetuar o pagamento dos salários até o 5º dia útil de cada mês.

“Em relação aos investimentos realizados pela Cerr, foram adquiridos e instalados medidores em mais de mil unidades consumidoras no Interior do Estado, além disso, a equipe operacional faz fiscalizações diárias em combate a ligações clandestinas e desvios de energia conhecidos popularmente como ‘gatos’”, assegurou, sem indicar um posicionamento da Companhia quanto às demais situações. (A.D)

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