FABRÍCIO ARAÚJO
Colaborador da Folha
A sessão de ontem, 28, da Assembleia Legislativa de Roraima foi marcada por mais um dia de diversos protestos. Nessa quinta-feira, o que surpreendeu foi a exibição de cartazes que pediam novas eleições para governador do Estado. Servidores da Companhia de Desenvolvimento (Codesaima) resolveram reagir após o anúncio de 88 exonerações do Matadouro e Frigorífico Industrial de Roraima (Mafir).
O servidor Agnael Moura afirmou que Antonio Denarium (PSL) está “desorientado” e governando para um grupo seleto de pessoas, acrescentando ainda que parece haver uma tentativa de culpar os servidores públicos pela crise financeira pela qual o Estado passa. Ele disse ainda que o deficit fiscal é oriundo de sonegação e tem como principal vetor a corrupção, mas que o governador não tem tomado atitude alguma para combater nenhum dos dois.
Durante a campanha, Denarium defendia o fechamento da fronteira de Pacaraima com Santa Elena e nesta semana pediu para que ela fosse aberta para que brasileiros pudessem retornar para Roraima. A atitude também foi alvo de críticas dos servidores.
“É possível ver que ele está desorientado e não tem a mínima condição de governar. Estamos temendo pelo agravamento desta crise porque ele está só fomentando a crise. E são nestas circunstâncias que pedimos novas eleições a fim de preservar a harmonia do Estado e a continuidade do progresso porque sabemos que Denarium continuando aí o desastre vai ser feio”, criticou Moura.
O governador também é proprietário do Frigo 10 que tinha como concorrente o Mafir. Os servidores afirmaram que há um plano para extinguir a Codesaima e que pode ser expandido para outras áreas dos setores públicos em que os servidores se mostrem como opositores ao governo.
“A questão hoje não é só fechar o Mafir, é extinguir a Codesaima por questões de estratégia. Ela possui a concessão de 29 áreas de exploração mineral e sabemos quem tem interesse nestas áreas. A companhia também é detentora do Mafir, principal concorrente do Frigo 10 que é de propriedade do governador.”
Integrantes do Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo do Estado de Roraima (Sintraima) também protestaram mais uma vez pelos Planos de Carreira, Cargos e Remuneração (PCCR) dos servidores do Iacti, Femarh, Aderr e Iteraima.
“Se o governador não tem o traquejo político, é preciso ter, pelo menos, a capacidade de entregar os pontos. Gerir uma empresa privada é totalmente diferente de gerir um Estado como este que é atípico”, declarou o presidente do Sintraima, Francisco Figueira.
A Folha questionou o governo sobre o protesto, mas não houve resposta até a conclusão da matéria.
CONCURSEIROS – O movimento de concurseiros de Roraima mais uma vez marcou presença numa sessão da Assembleia Legislativa para cobrar a votação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2019. Pela manhã, os estudantes estavam animados com a divulgação do resultado preliminar da prova objetiva que já estava anunciada e ocorreu durante o período da tarde.
“Para as etapas posteriores, será feita a negociação após a aprovação da LOA e o que queremos é que se mantenha este acordo. Reivindicamos o congelamento de 7%, que dá R$ 54 milhões, e sejam direcionados para o concurso da Polícia Militar”, declarou o vice-presidente da comissão, Tomi Marlei.
O congelamento citado é referente ao repasse do duodécimo aos Poderes que era igual a 22% e na nova LOA haveria um aumento de 7% conforme um efeito cascata que vem a partir do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas em um acordo entre o Judiciário, Executivo e Legislativo, depois de manifestações dos concurseiros, foi firmado o congelamento desse percentual.