Cotidiano

Servidores da Eletrobras fazem nova paralisação contra privatização

Ato é mais uma tentativa de tentar barrar a venda da empresa que deverá ser leiloada nesta quinta-feira, dia 30

Cada vez mais perto do leilão que vai definir o futuro da Eletrobras Distribuição Roraima, os ânimos dos servidores da distribuidora ainda são de resistência. Prevista para o dia 30 deste mês, a venda da estatal tem sido alvo de protestos e manifestações por parte dos funcionários que tentam impedir a privatização da empresa. Em um dos últimos atos de mobilização, os servidores realizam a partir de hoje, 28, uma paralisação de 72 horas para tentar reverter a venda.

Desde o começo das manifestações, os funcionários garantem que, com a venda da Eletrobras, sofrerão uma demissão em massa e o valor da conta de energia terá aumento significativo. Outro ponto defendido pelos empregados, é que comunidades indígenas e ribeirinhas serão diretamente afetadas com a privatização, pois não haveria interesse em manter os serviços em localidades tão distantes.

A mobilização desta semana será em frente à sede da Eletrobras com a adesão de todos os funcionários, sendo mantidos os serviços essenciais para a população. Os manifestantes pretendem, ainda, realizar um ato simbólico de acender velas em volta da empresa.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Urbanitários de Roraima (STIU-RR), Gissélio Cunha, o processo de privatização da distribuidora não teria vantagens para os roraimenses justamente porque o estado é o único isolado do restante o país. “Algumas pessoas dizem que privatizar vai estimular a concorrência, mas no nosso caso, teria o monopólio inteiro na mão de um só empresário”, apontou.

O presidente lembrou ainda que a questão da energia elétrica de Roraima é diferenciada por ser 80% subsidiada pela energia venezuelana, através do uso de hidrelétrica, com o custeio mais barato. Os outros 20% são gerados por meio de termelétricas no estado, que custam mais e são mais poluentes.

“Se privatizar, vai atender 100% com termelétrica porque o contato feito com o Linhão de Guri foi feito entre os governos dos países. O megawatt gerado por hidrelétrica custa R$ 238 em média, a termelétrica custa R$ 700. É uma coisa irracional”, apontou. Cunha completou dizendo que o custo dos 80% da energia gerada pelo país vizinho é de R$ 21 milhões mensais e o restante gerado por termelétrica custa R$ 25 milhões.

Distribuidoras de 5 estados serão leiloadas

O Governo Federal é autor do Projeto de Lei nº 77/18 que determina a venda de seis distribuidoras da empresa Eletrobras através de um leilão, sendo elas em Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Piauí e Alagoas. A justificativa para a decisão estaria nas altas dívidas geradas pelas estatais e também por entender que privatização melhoraria o serviço prestado para a população.

Atualmente, o Projeto aguarda votação no Senado Federal e tem previsão para ocorrer nos dias 5 e 6 de setembro. Mesmo com a data dos leilões já marcada, a aprovação do projeto daria mais garantias para o Governo realizar o repasse para a empresa vencedora.

A distribuidora do Piauí foi a primeira a ser vendida no dia 26 de julho. As demais, estão sendo ofertadas com o valor simbólico de R$ 50 mil, cada. Desde que o projeto está tramitando no Congresso Nacional, lideranças sindicais estão viajando até Brasília para tentarem conseguir apoio político para votarem contra a venda das empresas.

Solução para energia de Roraima é ligação com SIN, diz sindicalista

Desde 2001, o Estado de Roraima é dependente da energia gerada na Venezuela, por meio da usina hidrelétrica de Guri. Sendo o único estado que não é interligado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), a solução para integração do estado com o restante do Brasil, seria por meio do Linhão de Tucuruí, que possibilitaria a ligação com o Estado do Amazonas.

Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Urbanitários de Roraima (STIU-RR), Gissélio Cunha, a demora para interligar com o SIN demoraria, pelo menos, mais três anos porque ainda não houve início nas obras.

“O anúncio de que iria acontecer a ligação, é para chamar a atenção da sociedade. Depois das eleições, isso é esquecido de novo e vai se arrastar há décadas”, completou. Ainda de acordo com o presidente do STIU, o atraso nas obras é uma manobra política porque poderia ter sido resolvida alguns anos antes. (A.P.L)

Servidores da Cerr ainda não receberam salários

Desde o dia primeiro deste mês, os servidores da Companhia Energética de Roraima (Cerr) estão com os salários atrasados. No dia 16, os funcionários realizaram uma manifestação na sede da empresa e bloquearam os portões com correntes e cadeados.

Durante a manifestação, a Polícia Militar foi chamada para liberar a passagem na empresa. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Urbanitários, Gissélio Cunha, não houve nenhuma conversa com o Governo do Estado, mas que tem procurado entrar em contato. “Fizemos uma assembleia com os empregados e decidimos que se não houver movimentação, vamos realizar uma greve por tempo indeterminado no dia 30 desse mês”, disse.

OUTRO LADO – Por meio de nota, a Companhia Energética de Roraima (Cerr) informou que, em virtude do bloqueio das contas, o Governo do Estado está impedido de fazer qualquer tipo de movimentação financeira. Ressaltou ainda que está trabalhando para que o pagamento dos servidores seja efetuado o mais breve possível. (A.P.L)