ANA GABRIELA GOMES
Editoria de Cidade
Funcionários da empresa que presta serviço à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), especificamente no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami, relataram problemas para sair da área indígena. Conforme os relatos, não há aeronaves suficientes para suprir a demanda de locomoção dos servidores e dos pacientes indígenas que precisam de remoção. A situação ocorre há mais de 45 dias, apesar de não ser novidade entre os profissionais.
Em abril deste ano, funcionários do Dsei Yanomami procuraram a Folha para denunciar o mesmo caso. À época, a empresa responsável pelos voos esclareceu estar atendendo somente as remoções em casos de urgência e emergência na área. O motivo seria o encerramento e a não renovação do contrato com o Dsei/Ministério da Saúde. Oito meses depois, a situação se repete.
Uma das servidoras, que preferiu não se identificar com medo de sofrer represálias, contou à reportagem que os funcionários estão ficando sem alimento. Como o tempo de atuação na área é de 30 dias, os servidores viajam com a quantidade necessária para o prazo. “Tem gente que já não tem mais comida e que depende de ajuda. Era pra rolar um voo hoje, mas até o momento não tivemos sequer um sinal”, disse.
Além da espera para chegar em casa, o principal agravo que a inconstância dos voos acarreta diz respeito aos indígenas doentes que precisam de remoção. A servidora explicou que há diversos casos de malária que precisam ser removidos à capital, mas não há aviões para o transporte. “Acontece de os médicos liberarem a remoção aqui na área, mas na Capital acabam barrando”, explicou.
Junto ao Dsei Yanomami, o familiar de um dos funcionários foi informado de que não há aeronaves suficientes e de que o horário de funcionamento do aeroporto não é satisfatória, uma vez que os voos são realizados durante a manhã e o aeroporto só abre perto de 12h. “E aí tem familiar que procura o Dsei com tom agressivo, porque a preocupação é real. Como manter a tranquilidade se já passaram 15 dias a mais do que o necessário?”, pontuou.
DSEI YANOMAMI – Sobre o caso, o coordenador do Dsei Yanomami, Francisco Nascimento, confirmou que os servidores serão retirados nos próximos dias conforme o tempo na área. No caso, os funcionários que já cumpriram o prazo serão priorizados, assim como os que estão de férias e não conseguiram retornar ainda. Ele ainda esclareceu o problema com os voos. Ao assumir o órgão, em julho, Nascimento contou que havia uma empresa prestando o serviço sem contrato. A saída foi o contrato de emergência. “Estamos trabalhando em caráter emergencial”, declarou. No entanto, já existe um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre as Sesai centrais e o Ministério Público Federal (MPF) para uma licitação formal. Segundo Nascimento, a Sesai central está elaborando um Termo de Referência entre os Dsei Leste e Yanomami, a fim de que a licitação seja feita. “Nosso contrato de voo é de apenas cinco mil horas, mas estamos resolvendo a situação retirando servidores e removendo pacientes que estão há mais tempo em espera”, concluiu.