Em greve desde o ultimo dia 22 de fevereiro, os servidores efetivos do Instituto de Terras e Colonização de Roraima – Iteraima, publicaram uma carta aberta à população de Roraima, esclarecendo as péssimas condições de trabalho a que são submetidos.
O documento menciona “a falta de estrutura física como um prédio que não atende à demanda dos servidores”, situação em que têm “que amontoar os processos nas mesas e até no chão, e onde não é possível oferecer um atendimento de qualidade à população”, além da falta de materiais e equipamentos “essenciais para os trabalhos de campo”.
O presidente do Sindicato dos trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo do Estado de Roraima – Sintraima, Francisco Figueira, explicou que os servidores sempre estiveram submetidos a essas situações.
“Os servidores nunca tiveram as condições ideais de trabalho, sempre tiveram que improvisar, que utilizar seus próprios materiais em muitas situações, e mesmo assim não deixaram e prestar os serviços à população”, destacou Figueira.
Em um dos trechos da carta, os servidores descrevem as condições dos trabalhos de campo, em que tem que se deslocar da sede do Instituto para áreas rurais do Estado.
“Quase nunca tem combustível para realizar os trabalhos técnicos de campo, e quando tem, temos que sair em carros sucateados nos quais já ficamos no meio do caminho por diversas vezes, e quando os carros quebram, ficamos ao relento ou dependendo da hospitalidade de moradores locais com alimentação e alojamentos (varandas, galpão, árvores, entre outros)”, diz um trecho do documento.
Um servidor do Iteraima declarou que as condições ruins são corriqueiras nos trabalhos, mas que sempre procuraram realizar os trabalhos pensando no resultado e na melhoria de vida dos produtores com a regularização fundiária.
“Sempre demos o nosso jeito para realizar o trabalho porque sabemos a importância que o nosso trabalho tem para o desenvolvimento do Estado e para a melhoria de vida dessas pessoas, mas parece que o Governo não pensa assim, não enxerga o valor do nosso trabalho”, destacou o servidor que pediu para não ser identificado.
Outro servidor explicou que não tem como fazer uma política fundiária sem a valorização dos servidores do Iteraima. “O Governo está com um discurso de regularização fundiária, mas esquece que precisamos de materiais e equipamentos para isso, e antes de mais nada, o servidores tem que receber um salario digno”.
Francisco Figueira esclareceu que, embora as condições sejam péssimas, a única reinvindicação dos servidores é o pagamento das tabelas salariais dos PCCRs 2019.
“Mesmo com todas essas dificuldades, os servidores só estão exigindo a efetiva aplicação das tabelas salariais 2019, a única exigência é que o Governo garanta os direitos dos servidores e cumpra a lei”, finalizou Figueira.
SEGUNDA CARTA – Esta é a segunda carta aberta que os servidores do Iteraima publicam. A primeira explica os motivos da greve e pede desculpas à população pela greve geral.
“Pedimos desculpas a vocês que esperam há meses por uma vistoria, mas é que não temos carro e combustível e nem recebemos diárias, para irmos à campo, e quando temos, falta material como uma simples câmera fotográfica, mas ainda assim, sabendo da importância desse trabalho, estávamos realizando com os nossos próprios celulares para que o trabalho não parasse”, diz um trecho da carta.
Ainda na primeira carta, os servidores declaram que a greve só será encerrada quando o Governo efetivar o pagamento conforme as tabelas salarias dos PCCRs 2019.
“Mas garantimos que tão logo o governador reconheça nossos direitos e cumpra a lei vigente, pagando os salários, todos os serviços serão imediatamente reestabelecidos. Todos os servidores do Iteraima, administrativos e técnicos, estão dispostos a atender a população, basta somente que o governador cumpra com sua palavra e nos trate como servidores classe A”.