Cotidiano

Sesau vai apurar morte de paciente no HGR

Comerciante internado na UTI morreu no mesmo momento em que a cidade foi atingida por um apagão

A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) anunciou, na noite de ontem, que vai abrir uma sindicância para apurar as circunstâncias da morte do paciente Claudionor Teodório, que estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 2 do Hospital-Geral de Roraima (HGR). Servidores do hospital procuraram a Folha para denunciar que o comerciante morreu durante o apagão que ocorreu na Capital, na tarde desta quarta-feira (veja matéria na página 06A). Ele não tinha parentes em Roraima.
Na versão dos denunciantes, a morte do paciente ocorrera depois que o aparelho respirador, responsável pelo fornecimento de oxigênio ao paciente, teria parado de funcionar devido à falta de energia. Segundo um dos servidores, que preferiu não se identificar, durante a queda de energia, um dos geradores da unidade, que deveriam ser ativados, teria sofrido uma falha na ativação automática, ocasionando pane nos aparelhos. “Acabou a energia e os reatores não foram acionados. Devido a isso o paciente sofreu uma parada cardíaca e veio a óbito”, disse. O Governo do Estado nega esta versão.
“É um caso antigo, que vem acontecendo com frequência aqui. A direção está tentando se esquivar, não é a primeira vez que isso acontece. Os geradores tinham que estar funcionando e não foram acionados”, frisou o servidor. Mas funcionários que atuam na ala da UTI consultados pela Folha informaram que o paciente deu entrada na unidade em estado grave, “sendo extubado e  estava respirando somente com oxigênio na máscara”. “A falta de energia apenas impossibilitou de observarem os parâmetros no monitor, mas ele [paciente] já estava entrando em parada cardíaca. Ele teria infartado com ou sem energia”, relataram.
Governo diz que morte não tem ligação com falta de luz
O Governo do Estado emitiu nota, ontem à noite, afirmando que a morte do paciente, ocorrida na UTI do Hospital Geral de Roraima, foi motivada por parada cardiorrespiratória, pós-infarto agudo do miocárdio grave, sem nenhum vínculo com a queda de energia.
Conforme a direção-geral do HGR, o aparelho respirador, responsável pelo fornecimento de oxigênio aos pacientes da UTI, funciona ininterruptamente, uma vez que possui bateria capaz de suportar a ausência de energia por aproximadamente 30 minutos.
“A responsabilidade pelo diagnóstico dos pacientes é do médico que está de plantão, e não de aparelhos. Neste caso, o paciente recebeu de imediato os procedimentos padrão para situações de parada cardiorrespiratória, mas não respondeu aos estímulos de reanimação feitos pela equipe médica especializada que atua na UTI”, afirma nota.
Sobre a falha no funcionamento do gerador, a Sesau explicou que, devido às oscilações internas de energia por causa das constantes quedas no fornecimento da Eletrobrás Distribuição Roraima, houve dano em uma peça do gerador. “O gerador recebeu manutenção corretiva e preventiva de forma rotineira e a substituição da peça danificada em menos de 10 minutos, portanto, sem comprometer os serviços”, frisou.
Ainda conforme o governo, como procedimento de praxe, a Sesau abrirá uma sindicância para apurar as circunstâncias da morte do paciente.