FABRÍCIO ARAÚJO
Colaborador da Folha
Só nos primeiros sete dias de 2019, exatos 60 focos de calor foram detectados em Roraima, uma média de oito por dia. Os focos de calor não são incêndios ou queimadas, mas lugares onde há ressecamento e altas temperaturas e que merecem atenção especial. No caso do Corpo de Bombeiros Militares de Roraima (CNMRR), o monitoramento é feito diariamente para que se possa combater incêndios, porque estes focos interferem diretamente na incidência de queimadas.
De acordo com o boletim da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), o município que apresentou mais focos de calor foi Pacaraima, com o total de 13, seguido de Boa Vista com dez, Uiramutã com nove, Amajari e Normandia com seis cada, Bonfim com cinco, Cantá com quatro, Iracema, Mucajaí e Rorainópolis com dois cada e São João da Baliza com um.
Há uma parte do Estado chamada de “Arco de Fogo” justamente pelo histórico de incidentes com focos de calor. É uma passagem que começa em Pacaraima, passa por Alto Alegre, Mucajaí, Boa Vista, Canta, Bonfim e Normandia, ou seja, tem o formato de um arco e de acordo com o coronel do CBMRR, Gewrly Batista, esta parte é onde constantemente há ocorrências de incêndio florestal.
“A partir do momento que observamos que há muitos focos de calor, então passamos a atuar através de um Comitê Integrado de Combate a Incêndios Florestais. Mas neste momento esta sobre controle, até mesmo devido a algumas precipitações pluviométricas que ocorreram em nosso Estado, os índices estão abaixo do que foi observado no fim de 2017 e início de 2018. À medida que for acontecendo, iremos atuar porque demanda toda uma mobilização”, declarou o coronel.
Ainda de acordo com o Gewrly Batista os meses mais complicados, com maiores incidências e que têm uma maior demanda de trabalho dos bombeiros são fevereiro, março e o início de abril. Porque a partir da segunda quinzena de abril já começam as primeiras chuvas do inverno e se ameniza a questão dos incêndios. “Em janeiro estamos monitorando para quando verificarmos que houve aumento, nós possamos atuar de forma mais incisiva”.
Calendário de queimadas inicia no dia 12 de janeiro
Para fiscalizar queimadas, Comitê de Combates a Queimadas conta com parceria de brigadistas do ICMBio, do Ibama, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros (Foto: Arquivo/Folha BV)
Para os produtores rurais há um calendário elaborado pela Femarh que indica os períodos em que será permitido realizar queimadas para se livrar de vegetação ressecada. É importante garantir a autorização emitida pelo órgão para evitar ser enquadrado na lei de crimes ambientais. A escolha foi de iniciar pelos municípios do sul de Roraima é porque há uma previsão de chuvas por lá, o que torna o momento mais propício.
A divisão será feita por municípios. De 12 a 16 de janeiro, os produtores de Rorainópolis podem solicitar a permissão; De 17 a 20 deste mês, é a vez dos produtores de São Luiz; de 21 a 23, São João da Baliza; de 24 a 27, Caroebe; de 28 a 31, Caracaraí; Os quatro primeiros dias de fevereiro são destinados aos produtores de Bonfim; de 05 a 10 de fevereiro, Cantá; de 11 a 14, Iracema; de 15 a 20, Mucajaí; de 21 a 24, Alto Alegre; de 25 a 28, Amajari; e os dias primeiro e 02 de março para os produtores de Normandia.
Para solicitar a permissão é necessária a documentação de identificação pessoal, o Certificado de Cadastro de Imóvel Rural e, principalmente, o documento que comprova a solicitação de derrubada. Depois de receber a autorização o produtor tem até um mês para realizar a queimada.
“Quem estiver com autorização de queima e precisar se deslocar para outro local, é preciso deixar a documentação na propriedade, porque quando a Femarh vai realizar o monitoramento é necessário que o documento esteja no local”, recomendou o chefe da Divisão de Educação Ambiental da Femarh, Richard Marcelo Costa.
Para fiscalizar as queimadas o Comitê de Combates a Queimadas conta com a parceria dos brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), do Ibama, da Defesa Civil e do CBMRR. Todos atuam na monitoração.
“Estamos solicitando documentos como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) que é o CPF da terra. Porque assim sabemos onde o produtor está usando a sua licença e também é necessário ter a permissão de desmatamento”, disse Iury Lima, chefe da divisão de fiscalização ambiental sobre as novas táticas adotadas para 2019. (F.A)