Cotidiano

Setor aéreo gera R$ 219 milhões em RR, mas sofre por falta de passageiros

A chamada “economia do contracheque” prejudica o mercado de transporte aéreo, pois não há, por exemplo, demandas de grandes empresas

A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) divulgou, na manhã desta terça-feira, 08, em Brasília, o estudo “Voar por mais Brasil: os benefícios da aviação nos estados”, baseado no ano de 2015, além das dificuldades que o setor enfrenta. Em Roraima, conforme a entidade, o transporte aéreo gera 3,6 mil empregos e R$ 219 milhões em produção.

O estudo mostra que, além da geração empregos, o setor de transporte aéreo paga R$ 32 milhões em salários e quase R$ 14 milhões em impostos no país. No entanto, segundo a Abear, o pequeno volume de passageiros e a incipiência do transporte de carga em Roraima resultam na baixa produção do setor.

Atualmente, Brasília (DF) e Manaus (AM) são as únicas cidades com conectividade relevante com Boa Vista, sendo outro motivo da baixa produção. O estudo da Abear revela que o turismo predominantemente no Estado é voltado apenas para o Amazonas e corresponde a 0,2% de toda a movimentação doméstica nacional.
A receita específica do transporte aéreo em Roraima é de 0,3%; a produção do serviço, 0,5%; o turismo pelo modal aéreo corresponde a 1,1%; e a produção total é de 1,7% (R$ 219 milhões).

PREÇOS – Em relação aos altos preços praticados pelas empresas aéreas em Roraima, tanto de passagens para Manaus como para Brasília, o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, disse que esse é um dos temas que estão sendo discutidos com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

“Hoje, no Brasil, 65% dos passageiros viajam sem bagagem ou com bagagens de mão, mas paga custos, de R$ 6,00 a R$ 8,00, daqueles que viajam com 23 kg ou 64 kg de carga. E isso não acontece nos Estados Unidos, por exemplo. Se acabarmos com isso aqui, atenderemos mais pessoas em mais destinos e o preço da passagem tende a cair”, explicou, ao acrescentar que até dezembro a Anac deve se posicionar sobre o assunto.

ECONOMIA – Outro problema acontece devido aos setores de produção de Roraima: o setor agropecuário corresponde a 5%; indústria, 13%; serviços de natureza privada, 35%; e serviços do governo, 48%. “A atuação do governo no Estado é de quase 50%, é um recorde nacional. Isso mostra que não há uma economia autossustentável, já que depende de uma intervenção externa. Isso prejudica o mercado de transporte aéreo, pois não há, por exemplo, demandas de grandes empresas”, comentou o consultor técnico da Abear, Mauricio Emboaba.

De acordo com ele, a maneira mais rápida de fomentar o mercado é reduzir os impostos, mas, quando isso acontece, há uma redução imediata no caixa do Estado. “Por isso, é preciso fazer uma redução de impostos no tamanho e no tempo certo. É isso que deve ser feito quando existem setores que necessitam de um impacto para decolar na economia”.

Roraima possui a menor cobrança de alíquota do ICMS do País, 12%, que incide sobre o preço do querosene (combustível para avião), o que deveria ser um dos motivos para que as passagens fossem mais baratas. Mas, mesmo assim, os preços continuam altos.

“As empresas aéreas colocam o mínimo de voos possíveis e os preços altos. Isso gera prejuízos ao setor. Hoje, é difícil fazer com que as empresas mudem o preço de uma forma generalizada, pois além da crise financeira que vive o País, o dólar subiu 40% nos últimos meses”, afirmou Emboaba.

Para que o serviço de transporte aéreo cresça no Estado e, dessa forma, mais voos sejam disponibilizados a preços mais baixos, seria necessário que a demanda de passageiros aumentasse. “Como se trata de uma região onde atuam poucas empresas, o aumento de passageiros seria uma saída para este problema”, complementou. (B.B)