Cotidiano

Setor educacional é um dos desafios

Escolas que oferecem riscos ou sem condições para garantir conforto de alunos e professores tornaram-se cena comum

Escolas abandonadas, caindo aos pedaços, merenda de péssima qualidade, evasão escolar elevada e professores sobrecarregados e desmotivados. Esse é o retrato de Roraima na educação e um dos desafios do novo governo. A maioria das escolas está sucateada, sem equipamentos e até sem material de expediente.
No setor de infraestrutura, não é preciso nem sair da Capital. Alunos e funcionários correm iminente risco porque muitas escolas ameaçam desabar. São forro, ventilador, janelas e portas amarradas na base do improviso. No verão, o calor prejudica o desempenho dos alunos porque as centrais de ar não foram instaladas. A maioria dos aparelhos doados pelo governo japonês já se perdeu. No tempo de chuvas, as goteiras também prejudicam os alunos em sala de aula.
Em muitos casos, as escolas passaram por reformas, mas as obras foram finalizadas pela metade e os problemas continuaram. “É um absurdo. A escola acabou de ser reformada e já há infiltração, goteiras e paredes rachadas. Serviço mal feito. Quem fiscaliza essas obras?”, questionou o taxista Jorge Damasceno, 46, pai de aluno da Escola Estadual Ayrton Senna, no Centro.
Na Escola Estadual Maria das Dores Brasil, no bairro 13 de Setembro, zona Sul, alunos e funcionários também reclamam da grande quantidade de goteiras no prédio, que também apresenta infiltrações e rachaduras em suas paredes. “É uma vergonha. Nossa escola, que já foi referência na Capital, hoje está abandonada. O governo passado não investiu em educação, infelizmente”, lamentou uma servidora, que preferiu não se identificar.
  Alunos e professores correm risco em Caracaraí
Se na Capital, onde os órgãos fiscalizadores estão mais próximos, a estrutura das escolas preocupa, no interior do Estado a situação é bem pior. Em alguns municípios, escolas que ameaçavam desabar foram interditadas pelo Corpo de Bombeiros. Foi o que ocorreu no ano retrasado na Escola Estadual Presidente Castelo Branco, no Centro do Município de Caracaraí, a 155 quilômetros da Capital pela BR-174, Centro-Sul do Estado.
Com a interdição, os alunos que estudavam pela manhã e à tarde foram assistir aulas na Universidade do Estado de Roraima (Uerr), e o público adulto do EJA passou a estudar na Escola Estadual Sales Guerra. “É uma falta de vergonha. Nunca vi nossa educação desse jeito, sem rumo, sem futuro. Cadê os milhões do Governo Federal destinado para o setor?”, reclamou Batista Damasceno, 34, aluno do EJA.
A estrutura da Escola Castelo Branco está toda comprometida. Paredes rachadas, janelas e portas quebradas, teto apodrecido, telhado deteriorado, banheiros danificados, ventiladores pendurados apenas por fios elétricos, carteiras e lousas quebradas. O Ministério da Educação liberou quase R$2 milhões para a reforma, mas, apesar do dinheiro ter vindo, as obras pararam pela metade.
SEM MERENDA – Outro motivo que provoca a evasão escolar é a falta de merenda. Há uma semana que os alunos de Caracaraí merendam bolacha com leite. A denúncia foi feita por pais e professores. Funcionários que trabalham nas escolas estaduais Presidente Castelo Branco e João Rogélio disseram não saber o motivo de repetirem a merenda. Parte dos alunos é liberada na hora do recreio.
  Escola vira criadouro de mosquitos
A estrutura física da Escola Estadual Raimundo Carlos Mesquita, na Serra Grande II, no Cantá, município a 35 quilômetros da Capital pela BR-432, Centro-Leste de Roraima, também põe em risco a vida de alunos e funcionários. Única unidade de ensino na região, ela atende da 1ª série até o Ensino Médio. Além da precariedade na estrutura, faltam professores e materiais didáticos.
Ainda conforme os alunos, a merenda é de péssima qualidade e falta constantemente. “A direção diz que o problema ocorre devido à demora do envio da merenda por parte da Secretaria de Educação”, disse um aluno.
No terreno da escola, uma verdadeira criação de mosquitos e outros insetos, além de animais peçonhentos. Os pombos também fazem da escola um grande poleiro. As infiltrações estão por toda parte, o que potencializa os riscos de acidente, uma vez que a fiação elétrica fica exposta em algumas salas. O banheiro está quebrado e com vazamentos.
“Estudo aqui há três anos é nunca vi uma reforma. De vez, eles capinam o terreno, e nada mais. O forro e o teto podem cair a qualquer hora na cabeça dos alunos”, alertou um professor, que preferiu não se identificar.
  No interior, problemas são vários
No Sul do Estado, o descaso com a educação também é assustador. A Escola Estadual Darcy Pedroso, por exemplo, no Centro de São João da Baliza, está com aspectos de abandono. O prédio apresenta rachaduras, ventiladores ameaçam desabar, quadros e carteiras quebradas e para piorar, a merenda raramente é servida.
Alunos e professores da Escola Estadual Joselma Lima de Souza, no centro de Rorainópolis, município a 298 quilômetros da Capital pela BR-174, Sul do Estado, enfrentam problemas mais graves. As paredes com infiltração já provocaram até curto-circuito. Segundo os pais de alunos, as aulas tiveram que ser suspensas.
NORTE – Do outro lado de Roraima, no bairro Vila Nova, em Pacaraima, município a 220 quilômetros da Capital pela BR-174, Norte do Estado, a direção da Escola Estadual Casimiro de Abreu também já foi obrigada a suspender as aulas porque o teto ameaçava desabar. A reforma foi paliativa.
LESTE – Fronteira com a Guiana, no Bonfim, Leste do Estado, a Escola Estadual Argentina Castelo Branco também enfrenta sérios problemas. O prédio está com a estrutura comprometida e o telhado apresenta goteiras.