Cotidiano

Simuladores devem ser instalados até maio

Em Roraima, autoescolas estão encontrando dificuldades para conseguirem comprar simuladores para os seus alunos

As autoescolas de Roraima terão até o fim do mês de maio para começarem a aplicar as aulas com o simulador de direção. A informação foi dada pelo presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Eduardo Castilho. Embora tenha ressaltado que não houve nenhum documento escrito, por lei o simulador continua obrigatório para os Centros de Formação de Condutores (CFCs) de todo Brasil.

“Tivemos um contato com o Denatran [Departamento Nacional de Trânsito], que liberou o sistema até o final de maio para que as autoescolas se adéquem à resolução e passem a usar o simulador nas aulas”, frisou ao complementar que isso ocorreu devido a alguns fatores vivenciados no momento, como a crise econômica e a logística de transporte para o equipamento chegar a Roraima.

“Diante dessas dificuldades, o Denatran nos garantiu que não vai travar o sistema até maio. Depois disso, o sistema provavelmente só estará aberto com a inclusão na agrade curricular das cinco horas aulas de simulador”, disse. Até a data estipulada, os alunos poderão tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) sem o uso dos simuladores. “Se iniciar o processo, o aluno não precisará fazer as aulas de simulador e, ao finalizar, vai receber sua CNH liberada normalmente”.

Castilho informou que já houve duas reuniões com os proprietários de autoescolas e ficou evidenciada a vontade das empresas em adquirir os equipamentos. “Porém, o que os fabricantes disseram é que só podem entregar o equipamento em Roraima com no mínimo oito meses”, frisou.

Quanto ao fato de que algumas autoescolas do Maranhão terem dado entrada com pedido de anulação do uso do simulador, devido à falta de comprovação científica de que o aparelho melhore o rendimento dos alunos, Castilho disse que em pelo menos três estados, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, existem dados estatísticos que comprovam a eficiência do simulador nas aulas.

“Nestes três estados o simulador tem contribuído bastante na preparação do aluno com relação à conduta no volante e à educação para o trânsito. O simulador, como diz o nome, simula o ambiente da rua, com barulho, com aproximação de distância lateral, traseira e dianteira de veículos, o que é uma noção exata do que vai encontrar na rua. Só depois de ter uma nota favorável no simulador é que vai para a aula prática na rua. Estes alunos mostraram que houve um crescimento de 78% de aproveitamento e que cometem muito menos erros nas aulas práticas depois que passam pelo simulador”, frisou.

Embora tenha afirmado que não tem conhecimento de que nenhum Detran tenha feito pesquisas desta natureza, Castilho ressaltou que o que pode ter acontecido é que pesquisas possam ter mostrado um resultado menor que os do Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. “A informação de que não existiria comprovação científica de melhora de aprendizagem com o uso do simulador não procede, pois estes três estados foram contemplados com melhoras do condutor no volante”, frisou.

CFCs vão pedir suspensão do uso de simulador de direção

Depois de publicada uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que entrou em vigor no dia 1º de janeiro deste ano, obrigando as aulas de simulador nos Centros de Formação de Condutores (CFCs), a maioria dos estados está solicitando junto aos departamentos estaduais de trânsito a prorrogação do prazo para implantação dos simuladores de direção e, em outros, a suspensão da obrigatoriedade.

Segundo a presidente do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores de Roraima (Sindcfc), Silvia Carla Silva, as autoescolas do Estado já estão se organizando para pedir a suspensão do uso do equipamento junto ao Detran Roraima. “Já nos reunimos e estamos providenciando um documento e concluindo uma justificativa com o advogado para dar entrada no Detran, até o final deste mês, pedindo a suspensão do simulador de direção em Roraima”, disse.

Ela afirmou que alguns estados já conseguiram adiar o prazo de instalação, através de liminar na Justiça, baseados em falta de comprovação científica. “Não existem estudos científicos que comprovem a eficácia do simulador no desenvolvimento do aprendizado do aluno perante o trânsito. Enquanto eles não conseguirem provar que o simulador é realmente uma ferramenta indispensável, vamos recorrer dessa obrigatoriedade e ficar aguardando o posicionamento do Contran”, frisou.

Além desse raciocínio, Silvia Carla frisou que existe uma enorme dificuldade em adquirir o equipamento, já que poucas empresas no Brasil estão credenciadas junto ao Denatran, e destacou a dificuldade do simulador chegar até Boa Vista.

“Os fabricantes são da região Sudeste, e o frete encarece ainda mais o equipamento. Além da crise que assola o país, isso deixaria mais cara uma CNH das categorias AB, para carro e moto, que hoje já custa R$ 1.650,00, em média, sem os exames e taxas do Detran. Com o simulador, passaria para quase R$ 2 mil”, frisou.

Silvia informou que o equipamento custa em torno de R$ 38 mil, mais o frete até Roraima, que chega a aproximadamente R$ 48 mil. Além do equipamento, é preciso pagar o programa do simulador, que custa em torno de R$ 3.500,00. Ao final das despesas de compra, frete e instalação do simulador, cada equipamento ficará em torno de R$ 51.500,00.

MUDANÇA – Com a obrigatoriedade do simulador, os candidatos à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação ou aqueles motoristas que irão mudar de categoria estão obrigados a fazer, no mínimo, cinco horas/aula de simulação, sendo uma com conteúdo noturno.

As aulas deverão ocorrer após o aluno ter feito o curso teórico e antes de iniciar a prática nas ruas. Inicialmente, a determinação vale para os que vão dirigir carros de passeios na categoria B. Numa segunda etapa, será obrigatório o uso do simulador para quem dirigir veículos comerciais, caminhão, ônibus e motos.

FINANCIAMENTO – A Caixa Econômica Federal está disponibilizando R$ 500 milhões para a aquisição de simuladores de direção veicular. A medida tem como objetivo beneficiar os CFCs de todo o País, que necessitam se adequar à nova exigência do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

O gerente de Pessoa Jurídica e Habitação da Caixa em Roraima, Francisco Braga Barbosa, afirmou que o recurso já está disponível também para as autoescolas de Roraima. “O processo é simples e segue as normas de toda linha de crédito bancária, com apresentação da documentação da empresa, faturamento anual e feita a avaliação de risco. Sendo aprovada, a Caixa disponibiliza o crédito por meio de financiamento de bens do equipamento”, afirmou. (R.R)