A falta de sinalização de trânsito no interior do Estado provoca acidentes, muitos com morte. A Folha fez uma pesquisa e constatou que os cinco mais populosos municípios do interior de Roraima não apresentam sinalização adequada nem em suas sedes, nem nas estradas vicinais.
Em março deste ano, conforme a Folha divulgou na terça-feira, 13, a auxiliar de serviços gerais Lenier Rodrigues, de 50 anos, pilotava uma motocicleta pela Avenida Yandara, a principal da cidade de Rorainópolis, município ao Sul do Estado, quando um motorista atravessou a preferencial e a atropelou. Ela teve parte da perna esquerda amputada e sustenta que o acidente só aconteceu porque não havia placa de sinalização na avenida.
O agricultor Fernando Gomes, de 66 anos, não teve a mesma sorte da auxiliar. Ele pedalava pela Avenida Senador Hélio Campos, também na sede de Rorainópolis, quando um motorista adolescente o atropelou. O idoso morreu na hora. No cruzamento também não havia placa indicando a via preferencial.
Em Caracaraí, município na região Centro-Sul de Roraima, a falta de sinalização também provoca mortes. Este ano, um aposentado de 71 anos foi atropelado por um motociclista no cruzamento das avenidas Senador Hélio Campos e Doutor Zany, as principais da sede daquela cidade.
O idoso ainda foi socorrido pelos enfermeiros do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e trazido às pressas para o Pronto Socorro Francisco Elesbão, na Capital, mas os médicos não conseguiram estancar a hemorragia em seu abdômen e o aposentado morreu.
Em julho passado, um adolescente morreu em um acidente de trânsito no Cantá, município na região Centro Leste de Roraima. O jovem, de 17 anos, apresentava sinais de embriaguez e foi encontrado caído no asfalto na frente de uma escola pública. Testemunhas informaram que o motorista que atropelou o rapaz fugiu. Moradores também reclamaram da falta de sinalização de trânsito e de iluminação pública na sede do município.
O motociclista José Filho, de 44 anos, também morreu este ano em Mucajaí, na região Centro Sul do Estado. Ele não teve tempo de frear em uma curva, por isso derrapou, caiu e morreu no local.
Um agricultor de 50 anos morreu em abril deste ano, também vítima do trânsito, no município de Pacaraima, região Norte do Estado. Ele caiu de moto ao passar por uma ‘lombada’. Não havia placa de sinalização indicando o redutor de velocidade. (AJ)
Código diz que responsabilidade é do prefeito
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB), no artigo 24, diz que o município é responsável pela sinalização de trânsito e outros equipamentos de controle viário. Mas pode fazer convênio com o Governo do Estado, pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran), e com o Governo Federal, através do Departamento Nacional de Transportes (DNIT).
O vice-prefeito de Caracaraí, Franciney dos Santos, confirmou ontem, à Folha, que o município não tem sinalização de trânsito adequada e que, por isso, os acidentes estão acontecendo com frequência. Segundo ele, não há recurso financeiro para sinalizar a cidade e a prefeitura não conseguiu firmar convênio com os governos.
“Meu irmão se acidentou este ano em um cruzamento aqui em Caracaraí por falta de sinalização. Nesta gestão não há recurso para melhorias no trânsito e o resultado é este: os acidentes são frequentes”, lamentou o vice-prefeito.
O consultor-geral do Município de Rorainópolis, Mário de Souza Rosa, disse à Folha, ontem à tarde, por telefone, que a prefeitura está construindo quebra-molas e colocando placas de sinalização na cidade, utilizando recursos próprios. Os redutores de velocidade estão nas imediações de escolas, creches e hospital.
“Estamos melhorando o trânsito em Rorainópolis, colocando placas e construindo redutores de velocidade nas áreas mais movimentadas. O dinheiro é da própria prefeitura”, disse o consultor, sem especificar quanto está sendo investido no trânsito.
Ontem à tarde, a Folha tentou contato telefônico com as prefeituras de Pacaraima, Cantá e Mucajaí, mas as ligações caíram na caixa postal. Assessores informaram à reportagem que os prefeitos estavam para o interior dos municípios fazendo campanha política. (AJ)