Cotidiano

Sindicato entra na Justiça contra Unimed por demissão em massa sem participação sindical

Conselho Administrativo da Unimed em Roraima diz que se prepara para pagar verbas rescisórias

Hospital Unimed fechou as portas no dia 18 de julho. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)
Hospital Unimed fechou as portas no dia 18 de julho. (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Privados de Serviços de Saúde do Estado de Roraima (Siemesp-RR) entrou com uma ação civil pública contra a Unimed Boa Vista e o Conselho de Administração da Federação das Unimeds da Amazônia (Fama). O motivo da ação foi a demissão em massa de funcionários, feita em julho de 2024, sem a participação sindical, o que fere a legislação trabalhista.

De acordo com a petição, cerca de 300 trabalhadores foram dispensados sem justa causa e sem o pagamento imediato das verbas rescisórias, incluindo salários, férias e FGTS. O sindicato denuncia que a empresa também não cumpriu com o aviso prévio indenizado, deixando os trabalhadores sem meios para arcar com suas despesas.

Violação da legislação trabalhista

De acordo com o advogado, Felipe Kaliu, que defende o Siemesp-RR, a demissão em massa foi feita sem qualquer negociação prévia com o sindicato, o que vai contra o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF). No Recurso Extraordinário 999.435/SP, o STF determinou que, apesar de não ser necessária autorização sindical para dispensas coletivas, é obrigatório haver um diálogo prévio entre empresa e sindicato para garantir os direitos dos trabalhadores.

“Essa participação do Sindicato é um requisito essencial para dar legalidade às demissões coletivas. Inclusive, há o entendimento, pelo Supremo, de que demissões realizadas desta forma podem ter seu efeito anulado e o trabalhador precisa voltar”, pontuou.

O sindicato também afirma que muitos dos trabalhadores dispensados tiveram que recorrer à Justiça do Trabalho para garantir o recebimento das verbas rescisórias, o que acabou sobrecarregando o sistema judicial.

Pedido de indenização

Na ação civil pública, o sindicato solicita que a Unimed e o Conselho de Administração da Fama sejam condenados a pagar multa de R$ 200 mil por danos morais coletivos, além de R$ 5 mil para cada trabalhador afetado como dano moral individual.

Posicionamento da Unimed

Em contestações de processos individuais, a empresa alegou dificuldades financeiras e informou que entrou com pedido de recuperação judicial na 16ª Vara Cível de Manaus.

A redação entrou em contato com o representante do Conselho Administrativo da Unimed em Roraima, que afirmou que as demissões aconteceram dentro do contexto de recuperação judicial e que agora está preparando para regularizar o pagamento das rescisões.

“A decisão de demissões foi realizada para cumprir o processo de Recuperação Judicial que já aconteceu. Agora a empresa está se preparando para cumprir as indenizações trabalhistas de acordo com determinado pelo processo”, finalizou.

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