Cotidiano

Falta de diálogo da prefeitura sobre reforma da previdência pode levar servidores à paralisação, alerta sindicatos

Representantes dos Sindicatos Trabalhadores em Administração de Boa Vista e Saúde de Roraima estiveram no Agenda da Semana

sindicatos municipais
Lucinalda Oliveira, presidente do Sitran, e Maceli Carvalho, presidente do Sintras-RR. Foto: Folha FM

“A gente precisa deixar isso claro: não somos nós, presidentes de sindicato, que estamos conduzindo a categoria à paralisação. É o próprio prefeito, ao adotar uma postura de não dialogar com a base”, declarou Maceli Carvalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Roraima (Sintras-RR). Ela falou sobre o Projeto de Lei Complementar 001/2025, que propõe mudanças no regime de previdência de Boa Vista (Pressem). A fala foi feita durante entrevista ao programa Agenda da Semana, na Rádio Folha FM 100.3, nesse domingo (30).

O impasse entre os servidores e a gestão municipal está centrado na reforma da previdência. Esta prevê o aumento da alíquota previdenciária de 11% para 14%. Tal mudança impactaria diretamente os salários dos servidores, que já enfrentam perdas salariais acumuladas nos últimos anos.

Para Lucinalda Coelho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais (Sitram), a falta de transparência no processo tem gerado um clima de insegurança entre os trabalhadores. Isso tem intensificado a tensão em torno da proposta.

“Estamos pedindo explicações sobre os números apresentados pela prefeitura, mas até agora não tivemos acesso a um estudo detalhado. Falam que há um déficit de R$ 30 milhões, mas não explicam como chegaram a esse valor e nem quais medidas alternativas poderiam ser adotadas para equilibrar as contas sem penalizar os servidores”, criticou Lucinalda.

Ela também destacou que a categoria já enfrenta dificuldades com a defasagem salarial. O impacto do aumento da contribuição previdenciária pode comprometer ainda mais o orçamento dos trabalhadores. “Para um servidor que ganha R$ 3.000, por exemplo, esse aumento significa um desconto maior na folha de pagamento, reduzindo ainda mais o poder de compra. Muitos já estão endividados e agora terão que arcar com mais esse custo”, explicou.

Na semana passada, Márcio Vinícius, secretário de Administração e Gestão de Pessoas da Prefeitura de Boa Vista, explicou que o aumento da contribuição dos servidores é uma exigência do Governo Federal. “Esse projeto já havia sido proposto em 2019, mas foi suspenso por uma ação judicial. Agora, com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), todos os municípios precisam se adequar. Se não cumprirmos, teremos problemas sérios com o Ministério da Previdência”, disse.

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Na ocasião, o secretário ainda afirmou que a Prefeitura está aberta ao diálogo com os sindicatos. Algo que foi negado pelas presidentes sindicais: “É um momento delicado, porque os servidores têm o direito de ser ouvidos. A gente tem que lembrar que o trabalhador público contribui para a cidade, e é justo que as suas necessidades sejam respeitadas”, afirmou Lucinalda.

Além de formalizar, ao prefeito, via ofício, pedindo para que retire o projeto e estabeleça o diálogo com os representantes dos servidores municipais, os sindicatos também já protocolaram cinco documentos junto ao Pressem. Conforme as informações, nestes documentos, as representações reiteraram pedidos de informações e dados sobre o que foi feito com os recursos dos servidores que o Regime de Previdência gerencia.

Sindicatos decidem pela paralisação

Na última sexta-feira (28), representantes dos sindicatos municipais de Boa Vista decidiram levar para a categoria a proposta de paralisação geral, de todos os servidores. Os trabalhadores vão votar em assembleias de cada entidade durante as próximas semanas.


Assista a entrevista completa, disponível no YouTube:

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