Uma assembleia geral realizada no Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Boa Vista (Sintram), na última quinta-feira (14), deixou servidores municipais revoltados. O motivo seria a falta de informação repassada aos funcionários públicos do município, por parte da diretoria do sindicato, sobre um recurso no valor de R$ 250 mil de URPs (Unidade Referencial de Preço) que pertencem aos funcionários públicos do município. Segundo a professora Lindivalda Feitosa, o Sintram está de posse desse dinheiro desde 2017 e somente na reunião de quinta-feira é que informou aos presentes.
O valor de R$ 250 mil é parte do total de R$ 461 mil referentes a uma ação trabalhista que os servidores ingressaram no Tribunal Regional do Trabalho em 1989, ano de sua fundação. O pleito era a cobrança de correção salarial de dois ou três meses que não foram pagos aos servidores. E essa cobrança gerou um saldo de direito dos trabalhadores daquela época. Mas só faz parte desse processo quem era sócio do sindicato naquele ano.
“Na pauta da assembleia geral convocada pelo Sintram não falava nada de valores, somente de URPs. E para nossa surpresa, a presidente Sueli Cardozo disse que existe um recurso. Até então ela não queria revelar o valor, mas falou sob pressão, que foi repassado por meio de alvará pelo Tribunal Regional do Trabalho. Segundo o sindicato, as pessoas não foram receber na justiça e em 2017 o sindicato recebeu esse dinheiro e ninguém sabia, até a data dessa assembleia, que o sindicato estava em posse desse recurso. Então ela queria aprovar que essa verba ficasse para o Sintram fazer reforma. Eu e outros associados fomos contra e pedimos que os valores fossem depositados nas contas dos donos. A Sueli foi questionada por que não repassou esse dinheiro a quem tem direito, mas não respondeu, apenas disse que demorou muito tempo para as pessoas se interessarem, e que ia usar a verba. Então pedi que o sindicato fosse às casas das pessoas ou então divulgasse a lista com os nomes e ela disse que não ia publicar”, afirmou professora Lindivalda.
“Durante a assembleia, ela pediu pra gente votar levantando a mão quem fosse favorável ao sindicato ficar com o recurso. Eu disse que ninguém era pra votar, mas quando perguntei sobre a prescrição ela informou que é em janeiro, explicando ainda que o dinheiro fica com o sindicato ou volta para a justiça. É lógico que ninguém quer que volte para a justiça, mas que fique com o sindicato, e foi aprovado que esse dinheiro a entidade vai gastar. Mas eu solicitei um prazo ao Sintram e pedi aos presentes que tivessem a solidariedade de jogar nos grupos de rede social sobre esse dinheiro e que todos, já que a Sueli não quer divulgar os nomes, procurem o sindicato para saber se têm direito. Vamos passar este mês, dezembro e até início de janeiro dando publicidade”, relatou a professora, comentando que não sabe quem são as pessoas que têm direito ao dinheiro. “O sindicato não tem interesse em divulgar esses nomes”, afirmou.
Servidor que requerer o dinheiro receberá, afirma Sintram
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Boa Vista (Sintram), Sueli Cardozo, informou que eram R$ 461 mil para pagar um total inicial de 310 servidores das mais diversas áreas, beneficiados no processo e, desses, 104 receberam ainda no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). “Dos 206 servidores que restaram, foi paga uma parte e atualmente 134 não compareceram para receber seus valores, o que totaliza cerca de 250 mil reais. Acontece que os 134 que não receberam por não terem sido localizados pelo Tribunal, o próprio TRT disse que demandava uma logística muito grande para localizar esse pessoal e que designaria o sindicato para efetuar esse pagamento, solicitando ainda que déssemos publicidade e assim fizemos, por meio de publicações de editais em jornal de grande circulação, várias vezes. Aliás, este ano voltamos a dar nova publicidade. Em outubro, por exemplo, publicamos um edital para localizar mais servidores”, afirmou.
“Ficou acertado na assembleia geral, após eu ter feito o pedido de autorização para utilização do recurso para investimento em atividades sindicais, que essa verba será incorporada ao patrimônio do sindicato e que sendo requisitado pelo servidor que requerer o seu direito, o sindicato irá pagar esse funcionário, até porque nós temos receita própria. Essa pessoa não será prejudicada. Ela pode levar o tempo que for para requerer esse direito que vai receber. Mas eu pedi autorização para administrar esse valor, com o compromisso de que os servidores que vierem requerer o seu dinheiro irão receber”, garantiu a presidente do Sintram. Ela disse que servidores devem procurar a sede do sindicado, localizado na avenida Princesa Isabel, 3776, bairro Santa Tereza, das 8h às 12h e das 14h às 16h.