Alguns prefeitos eleitos no ano passado levaram um susto quando assumiram no começo deste mês. O fato é que algumas prefeituras foram sucateadas. Em alguns casos, levaram até a central de ar do gabinete do prefeito. Em Uiramutã, por exemplo, município ao Norte de Roraima sumiu a ambulância, ônibus escolar e até com caminhões municipais.
O atual prefeito de Uiramutã, Manuel da Silva Araújo, o Dedel Araújo (PP), em entrevista à Folha por telefone, ontem à tarde, disse que recebeu a prefeitura de terceiros, ou seja, o ex-prefeito Eliesio Cavalcante de Lima (PT) sequer apareceu para entregar as chaves do gabinete, que estava sem a central de ar.
Dedel Araújo disse que recebeu o município com cofre vazio, com uma dívida de mais de R$ 1,5 milhão para o Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica), INSS e outros. Para piorar a situação, ex-servidores municipais apagaram todas as memórias dos computadores.
O prefeito acredita que a atitude criminosa de apagar os arquivos foi para dificultar o trabalho dos auditores e da polícia. “Também sumiram caminhões municipais, ambulância, ônibus e várias peças de carros da Saúde. Ainda estamos descobrindo mais coisas. Infelizmente, depredaram o bem público. Carregaram o que puderam, mas já registrei boletim de ocorrência na polícia e farei uma minuciosa auditoria das contas municipais e dos bens patrimoniais”, avisou o prefeito.
Na área da Educação, a situação também preocupa. Segundo Dedel Araújo, das 32 escolas, 12 estão sem condições de funcionar. “Literalmente, estão desabando”, lamentou o prefeito. Os mais de dez postos de saúde apresentam condições mínimas de atendimento e inúmeras obras foram abandonadas.
O pagamento dos servidores públicos municipais está atrasado dois meses. Eles também ainda não receberam 13º Salário nem férias. O prefeito informou que vai pagar o mês de janeiro em dia, mas os atrasados ele pretende negociar e pagar de forma parcelada. “É o único jeito que encontrei para sanar essas dívidas”, frisou.
Araújo também disse que vai tentar negociar a dívida do município, que ultrapassa R$ 1,5 milhão. “Não temos arrecadação própria, por isso tentarei negociar com os credores para que a prefeitura não caia na inadimplência”, frisou.
OUTRO LADO – O Ministério Público de Roraima (MPRR) já havia denunciado, no ano retrasado, o então prefeito Eliesio Cavalcante de Lima, por apropriação indevida de verba pública. A Folha tentou ontem contato telefônico com o ex-prefeito, mas as ligações só caíram em caixa postal. (AJ)