Cotidiano

Skatistas enfrentam obstáculos com marginalização do esporte

A maranhense Rayssa Leal, a Fadinha, de 13 anos, conquistou a prata na madrugada desta segunda-feira (26) no skate street na Olimpíada de Tóquio (Japão), se tornando a medalhista mais jovem do país na história da participação brasileira nos Jogos. Em Roraima, há quem comemorou o fato de uma forma diferente.

A dificuldade por ter nascido com uma deficiência na perna esquerda não impediu o designer gráfico de 21 anos Pedro Henrique Braga de andar de skate e competir em vários campeonatos do Estado.

No dia 21 de junho de 2004 foi criada a data para homenagear a todos os amantes desse hobby. O skate surgiu na Califórnia, Estados Unidos, nos anos 60. Foi inventado por alguns surfistas, como uma brincadeira para os dias no qual não havia ondas no mar. Eles utilizavam rodinhas de patins. Nos Jogos Olímpicos 2021 de Tokyo o esporte vai estrear no dia 25 de julho e contará com 12 brasileiros.

“No começo todos da minha família tinham medo pelo fato de eu ser deficiente físico da perna esquerda. A doença que eu tenho se chama hemimelia fibular (ausência da fíbula), uso uma prótese desde quando nasci”, relatou Henrique.

O skate carrega um rotulo de muito preconceito pois ter ganhado visibilidade nas ruas, e mesmo com toda dificuldade Pedro Henrique não deixou de praticar o esporte.

“Eu posso dizer que o skate me libertou do preconceito que tinha comigo mesmo, abriu minha mente, Após isso comecei a ir pra rua, consecutivamente visitei a Skatepark Germano Sampaio no bairro Pintolândia e conheci muita gente que me ajudou a superar muitos dos meus obstáculos”, frisou o skatista.


Pedro Henrique Braga anda de skate e já ganhou vários campeonatos no estado (Foto: Diane Sampaio/FolhaBV)

Além de Pedro, as mulheres também dominam nessa modalidade deixando muita gente de boca aberta. A publicitária Camila Colares de 24 anos tem contato com o skate desde sua infância quando pegava o skate do irmão e hoje em dia já trouxe até medalha para o estado.

“Comecei a praticar com 7 anos no skate do meu irmão mas eu não levava a sério, só achava muito interessante, quando completei 15 anos ganhei meu primeiro skate, mas logo depois comecei a faculdade e tive que parar. Com 18 anos voltei a praticar o esporte, teve campeonatos no qual participei, e em 2017 teve os jogos universitários brasileiros, em Maringá, onde eu e uma amiga, trouxemos troféus e medalhas, ela de terceiro lugar e eu de segundo”, contou Camila.

Camila frisou que o grupo de skatista sofre uma marginalização da população, onde ainda há muitos julgamentos.

“Uma família me parou e perguntou se eu estudava, notei um som de julgamento, nessa época eu já estava defendendo meu TCC (trabalho de conclusão de curso), assim como tem muito skatista que é formado, como se o que eu estivesse fazendo fosse motivo de não termos estudo. Nós estamos buscando a visibilidade que e os esforços que são feitos pra incentivar e fazer o skate crescer na cidade, pra notarem que o skate além de uma comunidade é até político. A gente tá o tempo todo na rua buscando nosso espaço, as ruas são as pistas do skatista, e o preconceito sempre vai ter por conta disso”, declarou.


Camila é uma das adeptas do esporte e fala sobre preconceito (Foto: Arquivo Pessoal)

Rayssa Leal

A maranhense Rayssa Leal, a Fadinha, de 13 anos, conquistou a prata na madrugada desta segunda-feira (26) no skate street na Olimpíada de Tóquio (Japão), se tornando a medalhista mais jovem do país na história da participação brasileira nos Jogos. Natural de Imperatriz (MA), a atleta marcou 14,64 na somatória, e só foi superada pela dona da casa Nishiya Momiji (15.26), também de 13 anos. Outra japonesa, Funa Nakayama, de 16 anos, levou o bronze (14.49). As disputas ocorreram no Parque e Esportes Urbano de Ariake.

Fadinha encantou nas manobras e na descontração: sorridente ele chegou a dançar algumas vezes, sem se deixar abater pela pressão da decisão por medalha. Estratégia que lhe garantiu a prata, a segunda do Brasil no skate street – no sábado (25) Kelvin Hofler conquistou a primeira.

“ Eu estou muito feliz, esse dia vai ser marcado na história. Eu tento ao máximo me divertir porque eu tenho certeza de se divertindo as coisas fluem, deixa acontecer naturalmente, se divertindo”, disse a skatista ao site do Comitê Olímpico do Brasil (COB).