Cotidiano

Suspensão retira recursos para alimentação de alunos

Cortes de 30% para instituições públicas e retirada de bolsas para pesquisas faz com que estudantes tenham dificuldade em pagar comida e moradia

As consequências do bloqueio orçamentário de 30% das instituições públicas federais atingem principalmente estudantes em questões básicas como custeio para pesquisas, moradia e alimentação. Na Universidade Federal de Roraima (UFRR), a redução de 42,92% já tinha sido anunciada com

um impacto direto para os estudantes com a redução das bolsas estudantis. Com a nova determinação de suspensão das bolsas de mestrado e doutorado, não será mais possível também custear a alimentação para esses alunos.

A pró-reitora de pesquisa e pós-graduação Geyza Pimentel destacou que, diante do cenário, é possível que alunos tranquem o programa de pesquisa por não terem como sustentar o estudo.

“Tínhamos um recurso para atender o Restaurante Universitário (R.U). Alunos que não tinham bolsa, mas tinham direito de comer no R.U com recurso reduzido, pagávamos 75% da alimentação e eles pagam 25%. Esse ano não tem o dinheiro”, salientou.

Outra ação que preocupa a instituição é a decisão do governo bolsonarista de cortar as bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) de R$ 1.500 para mestrado e R$ 2.200 para os alunos de doutorado. 

Em Roraima elas não serão continuadas para novas vagas que estariam disponíveis a partir desse semestre, atingindo os estudantes que já estavam selecionados para ingresso como beneficiários.

De acordo com Geyza Pimentel, pró-reitora de pesquisa e pós-graduação, não é possível saber também se as bolsas de iniciação científica que estavam aprovadas e seriam liberadas para agosto serão liberadas ou não. “Tínhamos uma média de cinco bolsas que foram disponibilizadas. Os programas lançaram o edital e estávamos selecionando esses bolsistas, que já são alunos de mestrado e doutorado, para preencherem essas vagas. Mas ontem tivemos a triste notícia que essas bolsas foram seguradas pelo Ministério”, lamentou.

A universidade federal tem um dos menores números de bolsas disponíveis para pesquisa, mas que sem elas, os alunos serão prejudicados porque alguns já iniciam os estudos de pós-graduação com a expectativa de bolsa para financiar alimentação, moradia e materiais.

Refeição universitária custa quase R$ 9 para alunos 

A refeição no Restaurante Universitário custa R$ 8,60 para servidores e alunos sem qualquer assistência. Alguns alunos são isentos de pagarem a refeição, desde que apresentado a comprovação de baixa renda ou, caso não sejam isentos, podem pagar R$ 2. 

A situação é desfavorável para os alunos de mestrado e doutorado que precisam passar tempo integral dentro da universidade para realização da pesquisa, dificultando a possibilidade de trabalharem em outras organizações. É o caso de colegas do estudante Caio Ivory, que faz pesquisa no campo da Física e tem colegas que já relataram a possibilidade de desistirem pela falta de recursos.

“Somos totalmente dependentes do Governo e já temos uma margem limitada de recursos. Qualquer redução gera impactos. Muitos amigos são de vulnerabilidade social e precisam da bolsa. É realmente complicado”, contou. (A.P.L)


Reitor foi à Brasília para conversa com ministro da educação

O reitor da Universidade Federal de Roraima (IFRR), Jefferson Fernandes, participou com outros gestores das instituições federais de uma reunião com o ministro Abraham Weintraub, na última sexta-feira, 10, onde foram apresentadas as contas orçamentárias e discutido o bloqueio nas verbas.

O resultado da reunião ainda não foi apresentado à imprensa.

Atualmente, a UFRR oferta 48 cursos de graduação com 7.261 alunos matriculados. Na pesquisa e pós-graduação, são 15 mestrados e quatro doutorados com 506 estudantes regulares. Atende ainda 769 alunos no ensino básico técnico e tecnológico e 673 na educação à distância. (A.P.L)