Cotidiano

Taxa padrão de glicose passa para 75 a 99

Profissionais dizem que o diabetes vai além de ser uma questão de saúde pública e que a população é responsável pelo controle da doença

Todos os dias, os laboratórios de análise clínicas da Capital coletam sangue de pacientes para hemograma, que revelam a taxa de açúcar no sangue e que, em alto nível, pode apontar uma probabilidade de contrair diabetes. Por isso, o consenso realizado anualmente por endocrinologistas e médicos da atenção básica, especializados em atendimentos de saúde da família, concluiu que, para evitar os riscos iminentes aos quais a população é alvo, novas taxas foram estabelecidas.

Durante anos, o nível comum aos brasileiros da taxa de glicose era de 120 miligramas por decilitro (mg/dl) de sangue, o que para muitos diabéticos era difícil manter. No entanto, os novos números estabelecidos por um grupo de pesquisadores da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) confirma que a taxa aceitável como normal gira em torno de 75 a 99 mg/dl.

“Eu me assustei demais, porque sou diabética e, se já era difícil manter a glicemia em 120 [mg/dl], imagine agora com esses novos números. Não sei mais o que vou fazer para diminuir a taxa”, comentou a dona de casa Fátima Santos.

Os médicos que atendem à população afirmam que o novo padrão deve ser respeitado, por isso muitos pacientes se preocupam com os números. “Hoje eu cheguei à clínica para entregar o exame e o médico disse que minha taxa estava acima, quando estava abaixo de 120 [mg/dl]. Eu não sabia que tinha mudado, mas isso serve para todo mundo se cuidar e não ficar em casa acomodado”, declarou o jovem Mário Fernandes.

O médico Raimundo Sousa, que atua na atenção básica do atendimento à saúde da família, no posto de saúde do bairro 13 de setembro, zona Sul, confirma que os casos de diabetes vão muito além de uma questão de saúde pública e que a população é responsável pelo controle da doença que mata mais de 20 mil brasileiros por ano, segundo estatísticas do Ministério da Saúde.

“A diminuição dos números da taxa glicêmica se baseia no índice de comodismo das pessoas, que incluem os hábitos de vida não modificados e o consumo de alimentos industrializados cada vez mais abrangente. Sem falar do consumo de carboidrato que, ao fim do processo de digestão, se transforma em açúcar. A ingestão exagerada de massas e refrigerantes é um grande problema”, afirmou Sousa.

Outro fator relevante, segundo o médico, é que temos o costume de comer pão pela manhã e, no almoço, o prato é constituído por arroz, feijão, macarrão e farinha, que incrementam as possibilidades de aquisição do diabetes.

“As pessoas não praticam esportes, não comem bem, vivem estressadas e todos esses fatores contribuem para o risco. Se fizermos uma análise da população nas décadas de 70 a 90, principalmente na questão alimentar, veremos o quanto as coisas mudaram. As pessoas dizem que os avós comiam gordura de porco e viviam cem anos, mas não sentavam à frente de uma televisão ou de um computador. Aliás, é essa ociosidade aumenta o diâmetro abdominal, que por sua vez aumentam os riscos cardíacos, diabéticos e de hipertensão”, alertou o clínico geral.

O profissional também pede que a população faça exames regulares a cada três meses para medir as taxas de glicemia, colesterol e triglicerídeos. (J.B)