Ele tardou, mas não falhou. A chegada do inverno roraimense provocou, na tarde desta segunda-feira, seus primeiros estragos na capital. O telhado de um supermercado e o forro de uma escola desabaram por conta do vento e das fortes chuvas. Não houve vítimas, apenas danos materiais.
A primeira ocorrência foi no bairro Sílvio Botelho, onde o grande volume de água fez com que parte do forro da Escola Estadual Severino Cavalcante desabasse, o que acabou prejudicando as atividades dos alunos.
A Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) informou que o problema ocorreu somente em uma sala que foi cedida para as atividades da Universidade Estadual de Roraima (UERR). As aulas da escola prosseguem normalmente.
Já a UERR informou que todas as medidas para o restabelecimento das atividades do Campus de Excelência da instituição já estão sendo tomadas e que apenas a área utilizada para a reprografia (Xerox) foi atingida pela chuva.
O segundo estrago ocorreu quando clientes e funcionários de um supermercado no bairro Asa Branca levaram um susto quando o grande volume de água fez com que parte do forro do local também desabasse. “Uma das calhas entupiu e acabou que o volume de água represou e o forro acabou cedendo”, informou Nilson Soares, gerente do estabelecimento.
Apesar do susto, ninguém se feriu. O gerente informou ainda que a equipe do supermercado já realizou os procedimentos de reparos e que as atividades do local vão seguir normalmente.
Outro fator preocupante foi relacionado ao trânsito nas ruas da capital, Boa Vista, que também foi fortemente impactada com a chegada do inverno. Com a grande quantidade de veículos nas ruas e baixa visibilidade ocasionada pelo volume de água, algumas vias que normalmente costumam ser movimentadas, viraram imensos corredores de carros parados. Vários leitores da Folha registraram engarrafamentos nas principais ruas da cidade.
Especialista garante que inverno não será rigoroso
Apesar das fortes chuvas no início do inverno, os prognósticos dos especialistas em meteorologia apontam que esse período não será tão rigoroso em 2019. Segundo diretor do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Roraima (CCA/UFRR), professor Wellington Farias, “Mesmo com menor volume de água, as chuvas devem ocorrer somente até setembro. As previsões são de que esse ano elas sejam abaixo da média, que equivale a 1.700 milímetros anuais. O comportamento climático que é influenciado pelo El Niño [Fenômeno Atmosférico-Oceânico] deve ser similar ao ano de 2015, quando choveu em torno de 1.300 a 1.500 milímetros”, disse.
Araújo explicou ainda que a chuva dessa segunda-feira foi dentro da normalidade, embora tenha chovido por muitas horas. “A previsão para esse período é de inverno fraco, mas que provavelmente se intensifique mais para frente, mas será abaixo do que está previsto”, comentou.
Sobre os milímetros de chuva, Araújo informou que só se saberá nesta terça-feira (7) a quantidade de água que caiu, porque a coleta é feita na estação meteorológica após 24 horas.
Prefeitura diz que Pontos de alagamento reduziram
Sobre as ações para minimizar os efeitos do inverno, a Prefeitura de Boa Vista informou, por meio de nota, que desde a implantação da Patrulha da Chuva, muitas obras e serviços de retenção de alagamentos foram feitos, além de obras emergenciais nas áreas mais críticas da cidade.
A nota ressalta ainda que o lixo jogado nas ruas é um problema que acaba interferindo no funcionamento correto da rede de drenagem, uma vez que a sujeira dificulta a passagem da água, impedindo que ela escoe num tempo menor que o previsto. “A Prefeitura sempre recomenda que os moradores também sejam parceiros, contribuindo com a limpeza das ruas e evitando as alagações”, concluiu.
Defesa Civil Municipal recebeu somente dois chamados de socorro
Apenas dois chamados de socorro foram feitos para a Defesa Civil Municipal durante o período de chuva intensa na cidade. Uma foi relacionada a uma queda de árvores, no bairro Cinturão Verde, na zona Oeste da cidade, e outra foi de uma residência invadida pela chuva.
A defesa civil é responsável por monitorar todas as áreas de risco da cidade e dar auxílio a Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Meio Ambiente para as ações da Patrulha das Chuvas.
De acordo com o diretor, Amarildo Gomes, choveu cerca de 35 milímetros em toda a cidade, volume considerado alto, mas ainda dentro da normalidade. “Nós trabalhamos com a possibilidade de um inverno bem rigoroso e estamos nos planejando há cinco meses para este trabalho”
Defesa Civil Estadual orienta que escolas façam manutenção
O diretor executivo da Defesa Civil de Roraima, coronel Cleudiomar Alves Ferreira, disse que a chuva que iniciou na madrugada e se prolongou até o início da tarde de segunda-feira, 6, estava dentro do previsto. Ele disse que teve conhecimento do desabamento do forro de um supermercado e de uma escola.
“O que ocorreu não é culpa do inverno, é falta de manutenção. O supermercado passou por reforma recentemente, e deve ter ficado algum bolsão de água que acumulou na parte do forro, que cedeu”, disse.
Quanto ao incidente na escola, por ser uma unidade de ensino pública, Ferreira ressaltou que existe a preocupação de que seja feita a manutenção nas demais escolas. “Mas isso compete aos gestores das unidades em solicitar uma vistoria, caso verifique que possa acontecer algum problema e, ocorrendo, que acione a equipe da Defesa Civil”, frisou.
Ferreira recomendou que as pessoas tomem cuidado com suas construções e que os gestores escolares façam manutenção na parte do telhado, até porque poderá ter chuvas com vendaval, o que pode ser um fator agravante para problemas mais sérios.