Cotidiano

Tendência é de aumento na entrada de imigrantes venezuelanos no Brasil

Para cientista político, articulação entre os poderes é necessária para minimizar efeitos da imigração venezuelana

A crise migratória ocasionada com a chegada de venezuelanos para Roraima completará três anos em 2018. Diante de tantas mudanças, uma pergunta que paira na cabeça da população é como um estado tão pequeno e distante das grandes metrópoles poderá garantir prosperidade para os próximos meses.

Um dos principais entraves para a questão, de acordo com o economista e cientista político Elói Martins Senhoras, é a falta de uma articulação mais sólida entre União, Estado e Municípios, o que acaba impedindo a eficácia das políticas públicas para minimizar os efeitos da entrada desordenada de tanta gente.

“O destino principal da migração venezuelana é obviamente Boa Vista, portanto, as políticas públicas têm que ser direcionadas para esse espaço. Mas, se nós pegarmos esse último ano, houve basicamente ações do Estado e, no final do segundo semestre, algumas atividades por parte do Município, em função da alocação de recursos federais, além de um evidente silêncio da União. Em outras palavras, pensar nessas ações de forma articulada é o principal desafio para minimizar esse contexto de conturbação social e essa construção deve ser feita de forma dialogada juntamente com a sociedade”, afirmou.

À Folha, Senhoras relembra que, desde 2015, o Estado vem sentindo os efeitos do boom migratório de venezuelanos, que basicamente foram impulsionados pelos fatores econômico e político. “O primeiro fator está relacionado justamente em função da deterioração do dinamismo econômico da Venezuela, em que ocorreu um processo de hiperinflação e uma crescente falta de emprego naquele país. Atrelada a isso, há o fator político, em que há o enfraquecimento do governo Chavista e o crescimento das contestações sociais, que tem gerado cada vez mais atos violentos naquele país. Então, toda essa combinação acabou gerando o contexto de fuga desses venezuelanos para diferentes locais do mundo, sendo os dois principais a Colômbia e o Brasil”, explicou.

Para o cientista político, visto o agravamento da crise no país vizinho, a tendência para 2018 é que mais imigrantes adentrem o Brasil em busca de socorro, tendo Roraima como um dos principais destinos. “À medida que esse clima de instabilidade política se agrava, com eventual tentativa de golpe e um contexto mais duro por parte do governo, esse boom migratório só tende a crescer ainda mais. Então, nós podemos concluir que o prognóstico para 2018 é que não existe um cenário onde se tenha uma tendência de diminuição desse fluxo de entrada”, concluiu. (M.L)